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ENTREVISTA COM SONNY WEST - 2007


Nesta longa entrevista com a EIN, Sonny fala sobre
:

  • O seu na altura novo livro, Elvis: Still Taking Care of Business
  • Onde os fãs o podiam encontrar durante a Semana Elvis 2007
  • A história de Sonny West
  • Porque motivo ele, Red e Dave Hebler escreveram Elvis: What Happened?
  • Priscilla e Ann-Margret
  • Recordações de experiências de vida em torno de Elvis
  • Elvis tinha uma personalidade auto destrutiva?
  • A oferta do filme de Barbra Streisand
  • O seu último contacto com Elvis
  • Elvis e aqueles rumores sobre o racismo
  • Elvis e a política
  • Elvis e a desordem bipolar
  • A Máfia de Memphis
  • Resumo acerca daqueles que faziam parte do círculo íntimo de Elvis
  • O verdadeiro motivo que levava o Coronel a fazer Elvis trabalhar tanto
  • A morte de Elvis
  • Elvis após 16 de agosto de 1977 - as teorias de conspiração e alegações de Dee Presley


 

Elvis: Ainda a Tomar Conta dos Negócios
 

Sonny, é ótimo falar consigo! Está desejoso pela imensa Semana Elvis deste ano?

Sim, estou. É sempre uma altura especial para mim, pois é quando fãs do mundo inteiro vêm para o homenagear e lhe prestar os seus respeitos. É uma altura para eu refletir sobre o que ele significou para mim.

 

Vai estar em Memphis a promover o seu novo livro, Elvis: Still Taking Care of Business. Onde é que os fãs o podem encontrar durante a Semana Elvis?
Estarei em Memphis durante a manhã de 11 e a manhã de 14 de agosto. Vou fazer a primeira aparição no almoço organizado por Bill Burk, da Elvis World, em 12 de agosto, das 13h30 às 15h30. Para o final desse dia, deverei estar no Days Inn, no Nº 3839 do Elvis Presley Boulevard, na receção, das 18h00 às 20h00, para uma sessão de autógrafos do meu livro, depois vou para o Crossings (na tenda, do outro lado da rua de Graceland) algures por volta das 21h00 para cumprimentar os meus queridos amigos, Danny McCorkle e Christopher Drummond, e os fãs.

 

Já passou muito tempo desde 16 de agosto de 1977. Isso tornou tudo mais fácil para si escrever o seu novo livro?
De facto, sim. Durante muitos anos, depois de o ter perdido, não pensei em escrever outro livro. Passei por uns maus momentos, a tentar ultrapassar essa terrível tragédia. Mas acabei por começar a pensar que devia escrever outro livro, para contribuir para com o seu legado, juntamente com todos os outros que já tinham escrito sobre as suas vidas com ele. Certamente que sabia que Elvis: What Happened? não podia e nem iria ser a minha contribuição com esse intuito. Já afirmei que se o Red e eu tivéssemos estado a trabalhar para Elvis até ao final, esse livro nunca teria sido escrito. Foi escrito precisamente para evitar que isso acontecesse. De forma alguma teria escrito esse livro após a sua morte. O livro que publiquei agora deveria ter sido aquele que eu devia ter escrito, mas não tenho a certeza sobre quando é que isso poderia ter sido.

 

Também gostaria de sublinhar que um excerto recente retirado de "outro livro" da autoria de Joe Esposito, afirma que novas revelações dele são as sinceras e "corretas" acerca de tudo. (A sério?) Também afirma que a um ou a outro dado momento, todos nós fomos despedidos e que, se tivéssemos esperado, tudo seria esclarecido e seríamos de novo inseridos no grupo. Antes de mais, este livro não foi uma tentativa de "vingança ou acerto de contas" para com Elvis, o que parece ser a opinião de alguns dos outros rapazes do grupo.

 

Os mesmos que falaram contra nós por termos escrito o livro na altura negavam que a dependência de drogas medicamentadas de Elvis eram uma realidade. Hoje em dia, já todos escreveram livros, deram entrevistas, afirmando agora aquilo que nós afirmámos enquanto Elvis era vivo. Sabemos qual foi a nossa motivação quando escrevemos o nosso livro sobre o seu problema de adição. A questão é: qual é a motivação deles por escreverem sobre isso agora? O motivo apresentado por um deles foi que tinha chegado à decisão de finalmente querer ser "correto" e sincero.

 

E sobre a referência da afirmação do Joe, sobre os seus pensamentos na altura acerca da reação de Elvis para com o livro como sendo "uma montanha que ele poderia não conseguir subir", essa não era a montanha. Elvis já estava nessa "montanha que poderia nunca conseguir subir" e era muito mais alta que aquela à que Joe se estava a referir. Refiro-me à conquista de Elvis em relação à sua natureza aditiva como sendo a montanha que tinha para subir. O nosso livro teve a intenção de funcionar como uma catálise que desse início à subida dessa montanha. E Elvis poderia tê-lo feito, se ao menos tivesse reconhecido o facto de que precisava de o fazer.

 

Já saíram tantos livros sobre Elvis. Como é que Elvis: Still Taking Care of Business se vai diferenciar dos outros?
Sinto que tentei dar uma perspetiva mais pessoal acerca de Elvis e que os fãs querem conhecer. E sinto que fui bem sucedido nessa intenção. Claro, isso caberá aos leitores decidir. Tem sido esse o caso daqueles que já comentaram o livro comigo e em vários posts no mundo de Elvis. São as minhas memórias da minha vida com ele, os altos e baixos que ocorreram entre amigos num percurso de mais de 16 anos. Claro que, se um dos nossos amigos calha a ser Elvis Presley, de facto isso representa um grande motivo que leva as pessoas a quererem ler livros escritos por aqueles que conviveram de perto com ele.

 

Que mais gostaria de dizer aos nossos leitores sobre Elvis: Still Taking Care of Business?
Está escrito com um amor e respeito profundos por alguém com quem passei a maior parte da minha jovem vida de adulto, protegendo e dando tudo o que tinha para dar para tornar a sua vida melhor e mais segura.

 

O seu novo livro já está à venda há vários meses. Como estão a correr as vendas?
Parecem estar a correr muito bem. Não recebi nenhuns números da editora ou algo assim, mas muitas pessoas têm-me dito que o livro tem esgotado nas livrarias e que precisam de encomendar mais. Os números das vendas não são normalmente divulgados até terem passado seis meses após o lançamento inicial.

 

Recentemente você apareceu com um Artista de Tributo a Elvis, Pete "Big Elvis" Vallee, para promover o livro. Muitos fãs ficaram surpreendidos com isto. O que estava a pensar nesse momento?
Sabe, fico surpreendido que essa pergunta seja feita e até mesmo com a reação que as pessoas tiveram. Ouvi o que os fãs disseram em chat rooms e li posts sobre esse evento. Os fãs preconceituosos que questionam o meu pensamento por aparecer com um jovem que tem um problema de peso e que tem estado a trabalhar com bastante afinco nos últimos anos para o ultrapassar, é algo que realmente me irrita. Ele já foi bem sucedido e perdeu 130 kg. Quem pensam eles que são? Não questiono o seu direito de pensar o que quiserem sobre os temas. Questiono-me é como, depois de o fazerem, vêm com pensamentos que deveriam ser eliminados por um processo razoável.

 

O Pete Vallee é um jovem simpático, muito respeitador da memória de Elvis e o seu espetáculo é um tributo para ele. Tem uma voz de barítono muito boa que é forte, e utiliza-a da melhor forma para cantar a música de Elvis. Alguns dos fãs (a maior parte deles) são os mesmos que têm andado a "deitar-me abaixo" a mim, ao Red e ao Dave nos últimos 30 anos. Ótimo, essa é prerrogativa deles. Mas exercer esse direito em relação a uma pessoa como o Pete, que não fez nada para ofender ninguém, é ERRADO! Digo-vos isto, pessoal. Elvis não o admitiria se hoje estivesse aqui connosco. Ponto final.

Sobre Sonny West

 

Antes de falarmos sobre Elvis, gostaríamos de saber um pouco mais sobre Sonny West, a pessoa. Quem é Sonny West?
Sonny West é Sonny West. Tal como muitos da minha idade, que cresceram durante a era da depressão, os anos 50, sentimo-nos afortunados por ainda estarmos vivos e neste mundo. Nasci em Memphis e fui criado para respeitar as pessoas mais velhas e a ter consideração pelos outros. Cresci num bairro muito duro, com o "gangue mais duro" de Memphis, num projeto habitacional do governo chamado Lamar Terrace. Sempre detestei os "fanfarrões" e protegia outros deles sempre que a oportunidade se apresentava. Fui criado numa grande família de 6 filhos e fui o primeiro rapaz a nascer, mas sou o quarto filho. Quando saí da escola secundária, fui para a Força Aérea, saí e regressei a Memphis. Arranjei um trabalho na Ralston-Purina Company, depois mudei de emprego e fui trabalhar para a Ace Appliance Company, a reparar eletrodomésticos, que foi onde trabalhei até começar a trabalhar para Elvis, em abril de 1960.

 

Sem contar com a promoção do seu novo livro, que faz hoje em dia Sonny West?
Sou o Produtor Executivo numa série televisiva que ainda está no seu estágio de desenvolvimento nesta altura e prestes a apresentar o seu primeiro episódio. Se tudo correr bem, irá para o ar no próximo ano. A nossa data apontada para começar a gravar é no final deste outono ou no início do ano que vem. Acho que vai ser um programa que vai entreter bastante a família e várias pessoas em todo o país, assim como no resto do mundo, gostarão de ver.

 

Também faço apresentações com diferentes promotores em todo o mundo, a contar a minha vida e tempo que passei com Elvis e trabalho com Artistas de Tributo a Elvis. Pessoalmente acredito que eles ajudam mesmo a projetar a imagem de Elvis e ajudam a apresentá-lo a novos fãs. Há muitos que lhe fazem um tributo muito bonito, desde que se apercebam de quem são, e de quem Elvis é, não tenho problema algum com eles. Mas assim que saem do palco, nem se atrevam a falar ou a agir como ele. Não sou capaz de ficar ali a ouvir aquilo.

 


Legenda: Elvis e Priscilla, na cerimónia de casamento de Sonny West com Judy, em 28/12/1970.

 

Como é que a vida para si e para Judy mudou desde a morte de Elvis?
Estamos bem. Temos continuado a viajar e a ver partes do mundo que provavelmente nunca teria sido possível se não fosse pela minha vida com Elvis. Reconheço isso e sinto-me muito grato para com ele por isso.

 

O que tem feito desde 1977?
A Judy e eu criamos e fazemos exposição de Cavalos Árabes, temos um negócio de joalharia por encomenda e fizemos um filme juntos, intitulado The Disc Jockey. Tivemos a nossa segunda criança em 1981, uma filha, que é a luz das nossas vidas. Um ano depois, tornei-me no Diretor de Segurança para uma digressão da RJ Reynolds Tobbaco Co., com o popular grupo de country do Alabama, e também espetáculos com artistas singulares, como Mickey Gilley, Johnny Lee e Juice Newton, em 1982-83. Aprendi como se faz o negócio de contratação de talentos e trabalhei nisso enquanto estive em Nashville, que foi quando mudei a minha família para lá, em agosto de 1984.

 

A minha mulher e eu fomos proprietários de um serviço de limpeza de construção durante alguns anos. Era um trabalho muito duro, mas ganhava-se bem. Alguns problemas de saúde da minha parte forçaram-nos a reformar-nos dessa indústria. Também fui disc jockey numa estação de rádio AM, a WMRO, em Gallatin, no Tennessee, durante 3 anos. Fui o anfitrião do The Doo Wop Show, a tocar canções dos anos 50, 60 e algumas dos anos 70. Foi muito divertido. Era um programa de canções antigas, mas boas.

 


Legendas: Sonny com Judy, em maio de 2005 (quando tudo ainda estava bem) e Sonny com Judy, em outubro de 2016 (quando ele já estava a travar sérios problemas com um cancro de pulmão e Judy com um cancro na mama).

 

O que faz Sonny West no seu tempo livre?
Que tempo livre?! (Ri-se) Elvis ainda, à sua maneira muito própria, me mantém bastante ocupado com aparições pessoais e os meus programas. Passo tempo com a minha família, jogo um bocadinho de golf e é mesmo só um bocadinho. Por vezes também não faço nada, o que às vezes sabe mesmo bem.

 

Para além de Elvis, quem são os seus outros cantores favoritos?
Certamente que tenho uma favorita na Céline Dion. Afirmei no meu livro que acredito que ela também teria sido uma das cantoras favoritas de Elvis, senão mesmo a sua favorita. A primeira vez que ouvi The Power of Love, estava a levar a minha filha, Alana, de carro à escola, e aumentei o volume. Quando a canção acabou, disse-lhe que aquela canção iria ser um êxito, assim como a senhora que a tinha cantado. Ela ainda se lembra disso até hoje. Claro, há outros que também gosto muito, como Shania Twain, Tom Jones, Elton John, Roy Orbison, Frankie Valli, Jackie Wilson e Connie Francis. Na realidade, são demasiados para conseguir enumerá-los a todos.

 

E quem são os seus atores favoritos?
Gene Hackman, Clint
Eastwood, Dustin Hoffman, Jon Voight, Russell Crowe, James Woods, Kurt Russell, Denzel Washington, Mel Gibson, Sidney Poitier, Robert DeNiro, Al Pacino, Marlon Brando, Christopher Walken e muitos mais. E depois há o imortal James Dean, que era o meu favorito nos anos 50.

 

Um Sonny West (supostamente do Lubbock, no Texas) gravou alguns singles para a Atlantic em 1958, incluindo Rave On. Alguns livros sugeriram que poderia ser você. O que é que sabe acerca deste outro Sonny West?

É um compositor/cantor do qual sei muito pouco, para além de que temos o mesmo nome. Já houve várias pessoas que me perguntaram se eu sou o mesmo homem e só preciso de cantar um verso ou dois e percebem logo que não. Estou a brincar! Não, mas a sério, não sei nada acerca dele.

 

Já viajou muito fora dos Estados Unidos?
Já fui à Inglaterra, Alemanha e Austrália. Estou desejoso de regressar à Inglaterra e à Alemanha este verão. Também espero poder viajar até à Dinamarca e Suíça neste outono em outubro e, possivelmente, a outros países no futuro.

 

Quais são alguns dos seus locais favoritos?
A minha esposa, Judy, que viaja comigo, e eu, adoramos todos os locais até onde já viajámos e estamos sempre ansiosos por conhecer novos sítios. Todos são nossos favoritos. O Hawaii é decididamente um dos nossos locais mais favoritos no mundo.

 

O seu casamento com Judy já dura há quase quatro décadas. Qual é o vosso segredo?
A Judy é o segredo. Ela teve de lidar com imensas coisas durante os anos que estivemos juntos e lidou com tudo de forma brilhante. Ela é a cola.

 

E já pensou em patenteá-la?

(Ri-se). Ela é a patente. Tenho a certeza que existem outras pessoas por aí que têm o mesmo tipo de patente.

 

Elvis: What Happened?


Elvis: Still Taking Care of Business é, claro, o seu segundo livro sobre o tempo que passou com Elvis. Em 1977 os fãs foram altamente críticos de Elvis: What Happened? Em 2007, agora muitos vêem o livro de uma forma diferente e mais aceitável. Como é que vê esta publicação, quando olha para o passado?

Ainda me perturba que aquilo que tentámos fazer tenha sido mal interpretado como uma "vingança" pelo facto de Elvis nos ter despedido, ou que o tivéssemos "feito por dinheiro". Nenhum dos argumentos podia estar mais longe da verdade. De forma simples, nós conhecíamos Elvis - as pessoas que nos criticaram, não conheciam. Elvis enfrentava todos os desafios que lhe apresentavam e ultrapassava-os. E pensámos que seria capaz de o fazer novamente. Enquanto trabalhámos para ele, tínhamos acesso a ele para o confrontar sobre o que estava a fazer a si mesmo. Quando fomos despedidos, ficámos sem esse acesso. O livro era para lhe tentar mostrar, de forma irrefutável, o que estava a fazer a si mesmo e aos que o rodeavam e o amavam. E sobre as coisas contadas no livro sobre o que ele fez nos anos 60, também foi pelos mesmos motivos. Quando ele tomava comprimidos de dieta e analgésicos que interferiam com as suas emoções, incluindo a sua raiva volátil, dizia ou fazia coisas que normalmente não diria ou faria.

 

Elvis transformava-se noutra pessoa sob a influência de certas medicações, incluindo a cortisona, que é um esteróide e pode por vezes tornar uma pessoa irritável e algo agressiva no seu comportamento. Mas nada disto foi escrito com compaixão, compreensão ou preocupação. O escritor, Steve Dunleavy, foi contratado para escrever o livro para a World News Corp., com quem tinha assinado contrato para o livro. Ele escrevia para a publicação semanal The Star, que era na altura propriedade da World News Corp. Ele não sentiu nenhumas das emoções que mencionei antes quando estava a escrever, por isso, não conseguimos senti-las nas palavras que ele escreveu. E muitas vezes, tivemos de fazer intervalos, pois éramos levados às lágrimas pelas recordações e pensamentos que por vezes eram dolorosos.

 


Legendas: O livro que gerou tanta polémica, e uma foto de Dave Hebler, Red e Sonny West, em 1977.

 

Sem dúvida que um dos maiores elementos de crítica em relação a Elvis: What Happened? foi o seu estilo altamente sensacional, em estilo tablóide. Steve Dunleavy obviamente moldou o estilo ao livro. Se pudesse voltar atrás, teria avançado com um coautor diferente?
Já expliquei isto na pergunta anterior. Se tivéssemos tido a oportunidade, sem dúvida que teríamos escolhido outro escritor.

 

Acho que escolhi o melhor coautor em Marshall Terrill para o meu segundo livro. Se naquele tempo tivéssemos tido hipótese de escolher e ele estivesse disponível na altura (e não estava, pois só tinha 13 anos na altura), teria sido a minha escolha e acho que o Red e o Dave teriam concordado.

 

Sonny, você diz em Elvis: Still Taking Care of Business que Elvis: What Happened? foi um grande falhanço. O que quer dizer com isto?
Porque a intenção do livro não aconteceu. Elvis não foi de encontro ao desafio. Se o tivesse feito, ficaríamos todos a parecer uns mentirosos. Mas, para poder fazer isso, Elvis teria de parar o que estava a fazer, sair das drogas e mostrar aos fãs que não estava sob a influência de medicações prescritas. Uma vez ele fez isso em Las Vegas, quando uma vez um moço de recados disse que Elvis estava "passado com drogas".

 

Essa afirmação pôs Elvis muito zangado. Endireitou-se num instante e deu alguns dos melhores concertos com a energia que os seus fãs estavam habituados a ver nele. Também ameaçou o tipo enquanto estava sobre o palco, que o atacaria se soubesse que moço de recados é que tinha dito aquilo. Esse discurso está na realidade contido num CD que existe por aí, no mundo de Elvis, e muitos fãs já o ouviram.

 

Dave Hebler só trabalhou para Elvis um par de anos, de 1973 a 1976. Tinha ele o direito de participar em Elvis: What Happened? quando só tinha coisas más para dizer e nenhuma referência acerca dos primeiros anos e bons momentos passados com Elvis?
Sabe, acho que o Dave tem sido criticado de forma negativa, por pessoas que acham que ele esteve presente por muito pouco tempo. Mas tem de pensar acerca desse pouco tempo e quando foi. Aconteceu quando as coisas começaram a descambar um pouco. O Dave gostava muito de Elvis e não estar presente durante muito tempo não tem assim tanta importância como as pessoas pensam. Não era preciso passar muito tempo com Elvis, de todo, para ser tocado por ele de uma forma que mudava as vossas vidas para sempre.

 

Veja só os fãs que nunca o conheceram, ou que nem sequer nunca o viram em pessoa e veja como as vidas deles foram tão profundamente tocadas e mudadas por ele. Pode não ter ouvido falar dos anos que o Red e eu tivemos com Elvis nas palavras do Dave, mas não ter estado presente nos primeiros anos não quer dizer que ele não tivesse algumas recordações maravilhosas de alguns bons momentos quando esteve presente. O Dave expressava-se, talvez de um forma analítica, mas por certo cuidadosa, acerca de alguns temas que o preocupavam sobre alguns comportamentos de Elvis. Todos nós tínhamos personalidades diferentes e o Dave, para os que de entre nós o conheceram bem, era uma mente muito analítica. Considero-o um amigo querido e um que gostaria de ter para me proteger as costas. Quanto ao facto de ter o "direito de participar em EWH", não teve nada a ver com "o direito". Teve a ver com o facto de ele ter estado lá e de se sentir preocupado com o declínio da saúde de Elvis. Ele participou para tentar ajudar Elvis. Ponto final.

A Vida em Torno de Elvis

 

Você esteve com Elvis de 1960 a 1976. Esta é uma parte substancial da sua vida. Como lidou com a notícia da sua morte?

Foi uma parte substancial da minha vida e uma que sinceramente adorei viver. Não lidei nada bem com a notícia da morte de Elvis. Fiquei devastado e fui-me abaixo. Sem contar com o meu primo Red e a sua esposa, a Pat, não falei com mais ninguém nesse dia, exceto a minha esposa. Não era capaz. Chorei durante a maior parte do dia e pela noite fora. Andava de divisão em divisão, na nossa casa, a perguntar porquê, a pensar só nos bons momentos que tínhamos partilhado ao longo dos anos. A esperança de que ele se endireitasse estava perdida. Não ia acontecer e eu sentia-me tão vazio. Não dormi nessa noite e depois, na manhã seguinte, a ver o programa Good Morning America, com Dunleavy e Geraldo Rivera presentes, indo um atrás do outro com ataques pessoais, e depois os dois a fazerem comentários acerca de Elvis, senti-me enraivecido. Nenhum deles conheceu o homem.

 

Dunleavy só sabia as coisas que lhe tínhamos contado e Geraldo afirmou que se tinha encontrado com o homem em várias ocasiões e que "ele estava tão lúcido como qualquer pessoa nesta sala". Depois afirmou que tinha a certeza de "haver um flirt com drogas, pois é da natureza do negócio" (do entretenimento) mas, para lhe chamar um viciado, era uma mentira", acho que esta é uma citação correta. Como se viria a descobrir, Geraldo admitiu no seu livro, Exposing Myself, que só tinha visto Elvis uma vez, e que tinha sido nos bastidores durante 10 minutos, numa entrevista no Madison Square Garden. Isso não chega a qualificá-lo de perito em Elvis, não acham? Nunca chamámos Elvis de viciado e fiz um telefonema para o meu advogado para saber se ele podia organizar uma conferência de imprensa no seu escritório no final desse dia, o que fez. Essa é aquela em que o Dave e eu participámos, já que o Red estava a trabalhar numa série televisiva. Foi quando o Dave disse uma frase que define tudo quando um repórter lhe perguntou o que poderíamos ter feito mais para proteger Elvis de tomar drogas. O Dave replicou, "Como se protege um homem de si mesmo?" Um pensamento final sobre este assunto. Um par de anos mais tarde, Geraldo usou todos os recursos e poder de uma série televisiva de investigação de grande qualidade, 20/20, e expôs o problema de drogas medicamentadas de Elvis num dos seus segmentos semanais. Tanto quanto sei, ele ainda nunca reconheceu que estávamos a contar a verdade e/ou nos pediu desculpas quando nos chamou de mentirosos.

 


Legendas: Sonny com Elvis, durante as filmagens de It Happened at the World's Fair e com Juliet Prowse e Pat Boone, durante as filmagens de G.I. Blues.

 

Sempre viajou com o grupo para os cenários cinematográficos de Elvis? Em quantos filmes apareceu?

De uma ou outra forma, trabalhei na maior parte dos filmes de Elvis. Ou trabalhava com ele, como extra, num cena de luta, ou como ator. Não me lembro exatamente em quantos filmes foi. Divertimo-nos imenso durante esses anos. Foram os meus anos favoritos com ele.

 

Alguma vez passou tempo sozinho com Elvis e chegou a conhecê-lo numa base íntima? Alguma vez lhe confidenciou os seus receios ou a sua solidão?
Passámos alguns momentos sozinhos, como provavelmente a maior parte dos rapazes fez, a um ou dado momento. Muitas das nossas conversas ocorriam quando éramos só nós dois a conduzir, dentro do carro. Por vezes, em casa, quando não estava ninguém à volta, o que não acontecia com muita frequência. Tenho de lhe dizer, ele nunca falou acerca da sua solidão como se fosse algo que o preocupasse. Mas tenho de dizer que ele realmente parecia ser a pessoa mais solitária do mundo no meio de uma grande multidão. Por vezes, havia uma sensação em que ele se mostrava como parecendo muito vulnerável. E era nestes momentos que me sentia mais protetor dele.

 

Quando comecei a trabalhar para ele, tinha 21 anos e, embora tivesse estado na Força Aérea, ainda estava bastante verde. Olhava para ele como se ele fosse um irmão mais velho "do mundo", que me mostrava como era a vida. Mas mais para o perto do nosso tempo final juntos, sentia-me como se eu é que fosse o seu irmão mais velho, a cuidar do meu irmãozinho. A maior preocupação, para além da ameaça de morte em Vegas, era de perder a sua voz e de não ser mais capaz de cantar. Essa era uma grande preocupação sua em Las Vegas, onde as condições que são referidas como "Garganta de Vegas" era porque o ar árido do deserto podia causar problemas aos cantores.

 

Uma noite, quando perdeu completamente a voz enquanto estava sobre o palco do Hilton em Las Vegas, vimos o pânico puro no seu rosto. Ele ficou muito assustado, tal como todos nós, pois não sabíamos o que estava mal, ou se era uma condição permanente, ou algo assim. Depois desse incidente, ele fez tudo o que pôde para manter a sua garganta húmida.

 

Houve uma vez, sobre o passar tempo sozinho com ele, que se destaca na minha mente e que tem tanta importância para mim. Foi um momento breve com ele, na cozinha da sua casa em Chino Canyon, em Palm Springs. O meu quarto ficava ao lado da cozinha e quando ouvi lá algum barulho, levantei-me para encontrar Elvis por ali à procura de algo para comer. Ofereci-me para lhe preparar alguma coisa, o que ele quisesse, ou ir buscar-lhe alguma coisa. Ele parou durante um segundo, virou-se, olhou para mim e depois disse, "Sonny... amo-te, homem."

 

Aquela frase tão simples, vinda dele, tocou-me profundamente. Eu disse, "Obrigado, chefe, também te amo." Ele replicou, "Eu sei." Depois ele virou-se e continuou à procura de algo e disse, "É um daqueles momentos em que nos apetece alguma coisa, mas não sabemos o quê... percebes o que quero dizer?" Eu disse-lhe que sim e continuei, "Bem, se te decidires sobre o que queres comer, diz-me, está bem?" Ele disse que diria, trocámos boas noites e voltei para o meu quarto. Poucos minutos depois, a cozinha estava silenciosa. Esqueci-me de lhe perguntar no dia seguinte se ele tinha encontrado alguma coisa para comer, ou não. Talvez não se tivesse decidido por nada.

 


Legendas: Priscilla com Elvis (1963) e Sonny com Elvis e Priscilla, em Las Vegas (1969).

 

Como é que as coisas mudaram para si quando Priscilla chegou a Graceland?
Bem, não muito no início, sem contar que tínhamos de ter cuidado com a nossa linguagem, para o caso de ela estar perto para ouvir. E o conteúdo das nossas conversa também mudou um pouco, quando ela estava por perto. Mas as coisas acabaram por mudar e, de algumas formas, com todo o direito. Ela queria passar mais tempo sozinha com ele, mas era difícil de conseguir pôr Elvis a fazer isso. Ele gostava de nos ter a nós, rapazes, por perto a maior parte do tempo. E por vezes, isso era motivo de discussão entre os dois. Ela como que nos culpava disso, mas não era decisão nossa. Acho que agora, em retrospetiva, ela apercebe-se disso. Não muito depois de se terem casado, cerca de um ano ou assim, mudaram-se para uma casa mais pequena em Hillcrest Drive, em Beverly Hills. Havia menos espaço para os rapazes ficarem ali. Suponho que ela pensou que isso lhe daria mais tempo privado com ele.

 


Legendas: Ann-Margret, numa foto promocional e Elvis com Ann-Margret, durante as filmagens de Viva Las Vegas.

 

O que achou do relacionamento de Elvis com Ann-Margret? Eram mesmo o casal perfeito ou ambos com personalidades demasiado fortes? Fez amizade com ela?
Tenho de lhe dizer, eu adorava a Ann-Margret. Achava que ela e Elvis ficavam ótimos juntos e tinham uma química espetacular, tanto no ecrã como fora dele. Eram muito compatíveis.

 

Ela era referida como a "Elvis feminina" e era mesmo verdade. O seu sentido de humor e personalidade estavam tão obviamente sintonizados com ele. Davam-se muito bem, sem quaisquer conflitos de personalidade.

 

Todos os rapazes adoravam a Ann-Margret e ela gostava de nós e da nossa companhia. Ela entendia que Elvis queria ter-nos por perto e, quando ele não queria, fazia-nos saber e nós desaparecíamos.

 

Você e Judy foram residentes permanentes na casa de Monovale, em LA. Que recordações tem do tempo lá passado?
Depois dos assassinatos das atrizes Sharon Tate e Jay Sebring (que Elvis conhecia), que mais tarde se veio a descobrir terem sido cometidos pela família Manson, Elvis disse a Priscilla para procurar uma casa maior porque ele queria sair daquela casa. Ela encontrou a casa em Monovale Drive e a Judy e eu mudámo-nos para lá com eles. Depois o nosso filho, o Bryan, nasceu dois anos mais tarde e viveu lá até ter quase um ano de idade, quando nos mudámos para uma casa que ficava apenas a 15 minutos de distância. Por essa altura, Charles Manson estava na cadeia, assim como os seus discípulos drogados que assassinavam por ele e as coisas assentaram um bocadinho.

 

Quais são as suas melhores recordações do tempo passado com Elvis?

Foram tantas que é realmente difícil de escolher algumas. Houve algumas, como conhecer o Presidente Nixon, Muhammad Ali, e só de estar com Elvis e amigos dele que eram celebridades nos estúdios cinematográficos, em Vegas, Tahoe e até em tournée.

 

Tem alguns arrependimentos acerca do tempo que passou com Elvis?

De não ter sido capaz de chegar perto dele quando foi mais necessário, perto do final. Sem contar com isso, foi maravilhoso estar perto dele.

 

Por volta de meados dos anos 70, o estado psicológico e emocional de Elvis era errático. Porque motivo acha que ele se perdeu no caminho a um nível pessoal?

Acho que Elvis estava a ficar progressivamente mais apático em relação à vida fora do palco, com início em 1975-76. Ele adorava atuar, mas fazer outras coisas que em tempos ele tanto gostara parecia estar a desaparecer. O seu interesse por atividades simplesmente não existia. Nesse último ano, ele só passou tempo com o seu primo, o Billy e a sua esposa, a Jo e, claro, a Ginger, ou qualquer outra mulher quando ela não estava lá. O meu último momento realmente bom com ele foi em janeiro de 1976, quando fomos para o Vail, no Colorado, para passar 10 dias e celebrar o seu 41º aniversário.

 

Na altura em que Barbra Streisand ofereceu a Elvis o papel a seu lado em A Star is Born, ele estava mesmo dentro do correto estado de espírito para poder lidar com esse desempenho?

Não na altura em que ela se encontrou com ele, mas ele poderia ter-se colocado no correto estado de espírito se se tivesse comprometido em o fazer. Teria sido muito desafiador para ele, mas teria sido capaz de o fazer. Ele foi muito convincente quando nos disse que ia fazer o filme, e apertou-nos as mãos para nos mostrar a sua sinceridade. Mas dois ou três dias depois, quando ele começou a fazer pequenos comentários acerca de como teria de lidar com Barbra Streisand no filme, e um comentário sobre Jon Peters, o companheiro dela, alguns de nós apercebemo-nos que ele não ia fazer o filme. O Red e eu olhámos um para o outro e abanámos a cabeça enquanto o ouvíamos. Ele disse ao Coronel Parker que tinha mudado de ideias e que o removesse do projeto. O Coronel fez exatamente isso e depois ficou com as culpas todas, como se fosse ele que tivesse impedido Elvis de participar no filme. Foi apenas mais uma vez em que o Coronel foi acusado de algo que supostamente fez para prejudicar a carreira de Elvis.

 

Sonny, Elvis tinha uma personalidade auto destrutiva?

Não. Fez algumas coisas desafiadoras na sua vida, mas nada que a mim indicasse que tinha um distúrbio de auto destruição. Ele sabia como se afastar de uma situação que sabia que o podia colocar num sítio onde não queria ir. Acredito realmente que único problema que Elvis teve foi uma natureza aditiva. Podemos testemunhar isso algumas vezes noutras partes da sua vida. Se ele não tivesse tido essa adição, teria estado ótimo. Mas não era capaz de lutar contra aquilo. O meu irmão Billy era um indivíduo muito forte e quero dizer forte mesmo. Foi presidente de um moto clube em Memphis durante muitos anos e liderou esse clube com punho de ferro. Mas tinha o vício do jogo e não era capaz de o combater e isso custou-lhe a vida.

 

Qual foi a experiência mais assustadora que teve perto de Elvis?

Foi quando ele recebeu uma ameaça de morte em Las Vegas. Era uma tentativa de extorsão, mas na altura foi uma ameaça muito real e o FBI foi chamado para analisar o caso. Fizeram um perfil da pessoa e consideram-no um indivíduo perturbado que muito provavelmente poderia levar a sua ameaça avante. Disseram que queria ser apanhado para viver o seu momento de fama. Bem, não querem lá saber? Enquanto eu estava num sítio estratégico no palco, vi alguém que se ajustava ao perfil na minha área de responsabilidade entre o público. Estava vestido com um fato escuro, como óculos de sol postos e estava constantemente a olhar em volta, prestando pouca atenção a Elvis, em cima do palco.

 

Não aplaudiu uma única vez, quando todos os outros no público o faziam. Pensei, tem de ser aquele o tipo. Senti-me muito intenso durante todo o concerto, a observá-lo de perto. Nem vos consigo dizer como estava assustado, a pensar o tempo todo, se for ele, terei eu tempo de o impedir antes de ele dar um tiro a Elvis? O final do concerto finalmente veio e, enquanto ele se levantava, com o resto do público, meteu a mão no interior do bolso do seu casaco e eu estive mesmo a um microssegundo de me atirar para cima dele lá do palco, quando ele tirou um lenço do bolso para limpar a testa. Caramba, isso foi intenso.

 

Descobrimos que ele era apenas um "grande jogador", cuja esposa o tinha forçado a sentar-se com ela no espetáculo, em vez de o deixar ficar onde ele realmente queria, que era no casino. Obviamente que ele não era fã de Elvis como a sua esposa. E também, aquela sensação do que fazer, mesmo que se tenha uma arma, quando uma arma já esteja apontada a Elvis. Comecei a praticar um saque rápido até sentir que era suficientemente rápido para suceder em ser veloz que bastasse para salvar a vida dele na eventualidade de isso algum dia acontecer.

 

E qual foi a experiência mais gratificante?

Mais uma vez, uma pergunta difícil de responder, pois foram tantas. Uma que me vem à ideia foi quando ele deu uma cadeira elétrica a uma senhora idosa negra que vivia na mesma área em que ele tinha crescido, no norte de Memphis. Saiu um artigo no jornal, que Marty Lacker leu e mostrou a Elvis. Elvis leu-o e simplesmente disse que descobríssemos onde ela vivia. Ele, vários de nós, rapazes, e Priscilla, levámos-lhe a cadeira e foi Elvis que lha presenteou. Houve lágrimas nos olhos de todos. Tenho de lhe dizer, a forma como ele foi com ela, tão respeitoso e caloroso, foi um momento maravilhoso de ver: como Elvis era realmente uma pessoa carinhosa e decente.

 

Sabemos da última conversa telefónica de Red com Elvis. Qual foi o seu último contacto com ele?

O meu último contacto com ele foi no meu aniversário, em 5 de julho de 1976. Foi no hall de entrada de Graceland, depois de termos acabado de dar um espetáculo no Mid-South Coliseum, no final da digressão que tinha durado uns 12 dias. Desejei-lhe boa noite e para que ele descansasse, que o via dali a uns dias. Enquanto ele começava a subir as escadas para ir para o seu quarto, disse que era isso que ia fazer e depois disse-me, "Feliz aniversário". Agradeci-lhe e disse-lhe que a Judy me tinha feito um bolo e se ele queria um bocadinho. Ele respondeu, "Oh, sim. A Linda leva-me algum cá para cima. Boa noite." Nunca mais voltei a vê-lo ou a falar com ele.

 

Telefonei para a sua casa em Palm Springs, acho que foi no dia seguinte, depois de Vernon me ter notificado do meu despedimento, mas ele ainda não se tinha levantado, segundo um dos rapazes com quem falei do outro lado da linha. No dia seguinte, quando voltei a ligar, o número tinha sido alterado. Poucos dias depois, o Dave Hebler descobriu que Elvis tinha saído de Palm Springs e tinha ido para Las Vegas, para ficar na casa do Dr. Ghanem.

 

O médico atendeu-me o telefone e perguntei se Elvis já tinha acordado. Ele disse que sim e que tinha acabado de comer. Pedi-lhe para perguntar a Elvis se podia falar com ele por um momento, o que ele fez (suponho eu). O Dr. Ghanem voltou à linha para dizer que Elvis não queria falar comigo. Sugeri que Elvis podia estar a pensar que eu lhe ia pedir o meu emprego de volta, por isso, pedi ao médico para lhe explicar que não se tratava nada disso, mas que só queria saber o verdadeiro motivo de eu ter sido despedido. Até disse ao médico que ele podia perguntar-lhe e dizer-me a resposta de Elvis, que Elvis não precisava de falar comigo se não quisesse. Ghanem voltou ao telefone e disse-me que Elvis não queria falar sobre esse assunto. Disse ao Dr. Ghanem, "Bem, por favor diga-lhe que não vou voltar a ligar." Tenho de lhe dizer, estava muito magoado.

 

Elvis e o racismo foi um tema recorrente (e importante pelos motivos errados) ao longo da carreira de Elvis. De facto, continua a persistir, mesmo em 2007. Qual é a sua perspetiva sobre esta controvérsia?

Não sei de onde surgiu essa ideia. Ele foi acusado de ser preconceituoso com pessoas negras, judias e mexicanas. Nada disto é verdade.

 

Magoava-o quando ele sabia que se andavam a dizer essas coisas acerca dele e nenhum de nós conseguiu perceber como começou e por quem.

 

Isso assombrou Elvis durante a sua vida e não podia ser mais distante da verdade. Sinto que existem conspirações por indivíduos e associações que originam afirmações como estas e, de alguma forma, vão parar aos orgãos de comunicação social.

 

Elvis era uma pessoa recatada em relação às suas ideias políticas. Porque acha que era assim, particularmente porque no final dos anos 60 muitas estrelas do cinema e do rock foram bastante públicas acerca das suas ideias políticas?

Elvis era bastante privado acerca das suas ideias políticas, mas era muito apaixonado acerca delas em privado, connosco e com amigos em quem sentia que podia confiar. Ele apenas sentia que pessoas em posições como ele e muitos outros no ramo do entretenimento não deviam influenciar as pessoas com as suas opiniões e influenciá-las a fazer algo por causa de quem eram. Ele não gostaria de ver o que se passa hoje em dia, com os ataques odiosos e verbais feitos contra o nosso Presidente por aqueles que discordam das suas políticas.

 

Levando este assunto um bocadinho mais adiante, houve sinais de um "Elvis político" a expressar-se em 1698-69 com os seus dois singles de sucesso, If I Can Dream e In the Ghetto. Não ter progredido o tema lírico nestas canções não terá sido uma oportunidade perdida para Elvis se ligar a uma "nova consciencialização política" no mercado de compra discográfica?

Não acredito que Elvis alguma vez tenha visto isso dessa forma. Não estive presente quando ele fez o especial em 1968, por isso não posso comentar sobre a canção If I Can Dream, mas estava presente quando ele gravou In the Ghetto, sobre a qual pensou bastante se iria gravar. Ele adorava a canção, mas sempre tentou evitar temas controversos, a falar, a cantar, de qualquer forma de expressão que de alguma forma outros pudessem pensar que era essa a sua forma de pensar pessoal sobre o assunto. Ambas canções são excelentes peças musicais e sinto-me muito feliz por ele as ter gravado.

 

Têm havido algumas sugestões de que Elvis podia bem sofrer da desordem depressiva da bipolaridade. Sintomas conhecidos são dificuldades em dormir, impulsividade, mudanças de temperamento rápidas, comoção, por vezes paragens e facilidade de distração e fraca concentração. Estes sintomas descrevem Elvis? Acha que ele poderia ter sido bipolar?

Sabe, esta é uma questão interessante, muito embora esteja mais dentro do assunto agora do que na época. É verdade que a maioria, senão mesmo todos os sintomas que enumerou, existiam em Elvis. Mas muitos, senão mesmo todos esses sintomas, são também associados a medicações que exercem esses efeitos nas pessoas. Mas não quero mesmo adensar-me mais neste tema, pois não estou suficientemente informado para fazer comentários.

 

A Máfia de Memphis

 

 

A Máfia de Memphis tem o seu próprio estatuto icónico. Por muitos relatos, foi uma altura muito divertida. É verdade?

Foi uma altura divertida. Recebemos o nome em 1962 enquanto passámos imenso tempo em Las Vegas a usar fatos pretos e óculos de sol. Não tenho bem a certeza de quem é que publicou isso na imprensa, mas alguém supostamente comentou isso na altura enquanto saíamos de uma limusine em frente de um dos hotéis/casinos de Las Vegas. Quando saímos do carro para entrar, alguém perguntou se era a Máfia e outra pessoa respondeu, "Sim, é a Máfia de Memphis." Quase que tenho a certeza que foi James Bacon, um colunista do entretenimento no jornal vespertino, o Herald-Examiner de Los Angeles, que escreveu isso na sua coluna e o nome pegou. Diria que é um relato verídico dizer que o nome representou alturas imensamente divertidas.

 

As pessoas muitas vezes descrevem a Máfia de Memphis como "penduras" ou até "sanguessugas" que deveriam ter sido mais honestos com Elvis, dizendo-lhe a verdade para seu próprio bem. Você mesmo já disse que, "Acenávamos sempre a cabeça e concordávamos com ele." Era mesmo assim tão difícil de desafiar Elvis? Lá fundo sente que poderia ter feito mais?

Antes de mais, gostaria de que ficasse registado que não éramos "penduras". Alguém de entre vós que é assalariado com funções e responsabilidades atribuídas se consideram "penduras" dos vossos patrões? Claro que não. Consideram os vossos amigos que não trabalham para vós, mas que passam tempo convosco a fazer-vos visitas ou a passear ou outra coisa qualquer, como "penduras"? A resposta para isso é não. Não éramos groupies. Será que é porque trabalhámos para Elvis Presley, a super estrela das super estrelas, que não devemos receber respeito nenhum como pessoas a fazer o seu trabalho e a divertir-se enquanto o fazem porque o seu patrão assim quer? Convenhamos, as mesmas pessoas que dizem isso acerca de nós, 9 em cada 10 delas trocariam de lugar connosco num segundo. E amigos, isso é RÁPIDO! A sério, não acho que seja justo julgarem-nos como algo assim tão diferente de qualquer outra pessoa que exerça um trabalho assalariado. Acontece que tivemos um patrão espetacular que gostava de se divertir muito enquanto trabalhava e queria que estivéssemos presentes em cada passo do caminho.

 

Quanto a dizer a Elvis a verdade e a ser honesto com ele, houve alguns de nós que fizeram isso. Em 1961 fiz-lhe frente, apenas um ano depois de ter começado a trabalhar para ele. Ele fez-me ameaças, eu disse-lhe que isso não iria acontecer. Comparei-o com um oficial da Gestapo porque ele parecia ter desenvolvido uma espécie de ar arrogante e mal disposto. Disse-lhe que ele tinha mudado, que já não gostava dele e não queria mais estar ao pé dele. Terminei a conversa por lhe dizer que me despedia e ia embora. Isso garantiu-me um murro no queixo, que magoou muito mais os meus sentimentos do que a dor física. Virei-me e fui-me embora.

 

Por favor, gostaria de saber em que contexto e sob que tema afirmei eu isso, que "Acenávamos sempre a cabeça e concordávamos com ele". Estou a falar sobre a altura em que possa ter feito essa afirmação. Por isso, quem quer que tenha feito a pergunta, gostaria de saber quando, onde e de que assunto estava eu a falar quando disse isso. Gostaria de esclarecer essa frase, se conseguirem apresentar uma resposta.

 

Ainda mantém contacto com todo o velho grupo de Elvis, tal como Larry Geller, Marty Lacker, Joe Esposito? Como são os vossos relacionamentos hoje em dia?

Continuo em contacto bastante próximo com Marty Lacker, Lamar Fike, Billy Smith, Dave Hebler e, é claro, o meu primo, Red West. Nunca mais voltei a falar com Larry Geller, desde 1972, quando ele veio até um dos concertos de Elvis em Las Vegas com Johnny Rivers. Ele foi-se embora nessa noite e só regressou depois de eu já ter ido embora, em julho de 1976. Quanto a Joe Esposito, não voltei a falar com ele ou a vê-lo até maio de 2003, em Palm Springs, num evento em que ambos fomos convidados para participar. Bem, as coisas correram bem, e achei melhor apenas seguir em frente e deitar tudo para trás das costas. Depois, em 2006, Charlie Hodge, que também esteve nesse concerto em Palm Springs, faleceu subitamente. A sua viúva, Jennifer, pediu-me para falar no seu funeral, o que concordei fazer. Depois ela pediu-me se eu podia contactar alguns dos outros e perguntar-lhes se queriam dizer alguma coisa. Eles podiam escrever e eu podia ler as suas mensagens na cerimónia. Contactei muitos deles, incluindo Joe, que disse que não, que outra pessoa iria falar por ele, Priscilla e outros. Sei que ele só disse isso depois de lhe ter enviado um email e quando não obtive uma resposta, por causa do prazo, telefonei-lhe. Na altura ele disse-me que não, que tinha tomado medidas para ser outra pessoa a fazer isso. Sei que ele tomou essas medidas depois de ter recebido o meu email. E assim é Joe.

 

Também gostaria de apontar que um excerto de "outro livro" da autoria de Joe Esposito (o mesmo Joe que disse uma vez "Todos sabiam" quando um fã lhe pediu para contar uma história que nunca tinha sido contada) afirmou que novas revelações suas eram honestas e iriam "esclarecer" tudo.

 

Nós fizemos isso há 30 anos atrás, enquanto Elvis estava vivo, quando ele nos podia ter desafiado ou, pelo menos, refutar o que dizíamos com palavras ou gestos, mas Joe decidiu que agora é que é a altura de ser honesto, quando ele não o consegue ser. Boa altura para a tua "revelação de honestidade e correção", Joe.

 

Ele também diz que o livro EWH foi escrito por "vingança e para fazer contas com Elvis" por termos sido despedidos. Ele sabe bem que não, mas talvez isso o deixe com a imagem de ser um dos bons tipos que permaneceu leal a Elvis. Uma coisa que pode ser interessante nestas suas novas "correções" e revelações honestas, se é que o está mesmo a ser, será a história que ele conta sobre a verdade por trás do fiasco do raquetebol, do qual Elvis saiu, por sentir que estava a ser usado e enganado por alguns nesse negócio. Nas próprias palavras de Elvis a Red, na última conversa que tiveram os dois, Elvis estava farto de todo aquele negócio do raquetebol e afirmou que não ia avançar mais com ele. Pelo que entendei e ouvi, acabou por custar uma data de dinheiro a Elvis.

 

Quais foram os pontos altos de ser um elemento da Máfia de Memphis?

Apenas o sentimento de ser um dos rapazes, a viajar e a trabalhar com um patrão incrível. Foi uma aventura espetacular!

 

E os pontos mais baixos?

Nunca houve nenhum para mim.

Próximos de Elvis

 

Sonny, como resumiria, em poucas palavras, as pessoas que seguem:
 

Minnie Mae Presley: Uma pessoa de quem eu gostava imenso e com quem passei bastante tempo, só a falar acerca da sua vida. O seu tema menos favorito e com o qual por vezes brincava com ela era o seu ex marido. Uma vez conheci-o em digressão quando fomos tocar a Louisville e quando lhe disse isso, ela ficou logo alterada. Ele era mesmo um conquistador de senhoras e esse tinha sido o problema entre os dois. Ela era muito sensata acerca da vida e era ótimo conversar com ela, sobre qualquer assunto. O seu tema favorito de conversa era sobre como Elvis era um rapazinho tão bom enquanto estava a crescer e como ela se sentia orgulhosa dele por ter chegado a ser o homem que era. Eles eram muito chegados.

 

Priscilla Presley: Alguém que parece determinada em manter o nome Presley por sobrenome. Elvis disse-nos que havia uma cláusula nos documentos do divórcio que os advogados tinham inserido, afirmando que ela não poderia usar o nome Presley para uma carreira. E ela não o fez até depois da sua morte, quando voltou a usar o nome e iniciou uma carreira no cinema. Muitos anfitriões de televisão e colunistas referem-se a ela como a viúva de Elvis em vez da sua ex mulher.

 

Lisa Marie Presley: Tenho a certeza que ela não vai gostar de saber disto se alguém lhe for contar, mas sinto que o seu pai se sentiria triste com algumas das decisões que ela tem tomado na sua vida e extremamente zangado com outras. Ela criticou alguns de nós, dizendo que tirámos a dignidade dele e que prejudicamos a sua memória, mas obviamente que não assume responsabilidade por algumas das suas próprias ações. (Não estou a falar dos seus quatro casamentos). Ela tinha 9 anos de idade quando Elvis morreu. Ela não sabia quais eram as ideias dele como um adulto sobre os temas dos quais estou a falar acerca da vida dela, ou talvez então ela não tivesse agido da mesma forma.

 

Sei que ela não teria agido nada da mesma forma se o seu pai fosse vivo. Não gosto da ideia de falar acerca dela de uma forma negativa, mas é muito difícil saber aquilo que ela disse acerca de mim sob todas as formas dos média, TV, rádio e imprensa e ficar calado. Há tantas coisas que poderia apontar sobre certas coisas que ela diz, mas contenho-me por motivos óbvios. Ela é filha de Elvis e por respeito para com a sua memória, permaneço silencioso.

 

Legenda: O Coronel Parker com Elvis.

 

Coronel Tom Parker: A pessoa mais amaldiçoada no mundo de Elvis Presley. Ele gostava de Elvis, por vezes tinha uma maneira brusca de ser quando uma situação o parecia exigir. Nem sempre tinha razão, ninguém tem, mas quase sempre tinha. Ele merece muito mais crédito que aquele que tem recebido. No meu livro, corrijo uma data de mal entendidos acerca do Coronel, a maior parte dos quais foram ditos por pessoas que simplesmente desconheciam a verdade das coisas, até mesmo por elementos do círculo íntimo de Elvis, ou outros que pareciam ter uma vontade de criticar.

 

Red West: Meu primo, um tipo duro com um coração grande e a minha vida com Elvis foi por causa dele. Teve uma relação muito especial com Elvis desde o início. Tenho muito orgulho daquilo que ele fez na sua vida, com a sua composição de canções e representação no cinema. Tem imenso talento em ambos campos.

 

Marty Lacker: Marty é uma daquelas pessoas que é honesta e muito capaz a coisas e fez precisamente isso durante muitos anos para Elvis. Foi capataz quando Joe esteve ausente e partilhou esses deveres com Joe quando este regressou até Marty ter ido embora para passar mais tempo com a sua família. Foi padrinho no casamento de Elvis. Um tipo duro que vos conta as coisas como são, por vezes de forma precisa. Mas ou o aceitam como é e o adoram, ou não. Eu adoro-o.

 

Lamar Fike: Um tipo engraçado muito oportuno que adora ser o centro das atenções de uma forma divertida. É capaz de vos pôr a rir às gargalhadas num minuto. É uma pessoa muito bem lida e informada numa data de assuntos deste mundo e consegue falar convosco de uma forma muito conhecedora sobre praticamente quase todos os assuntos. É muito divertido tê-lo por perto.

 

Billy Smith: Primo de Elvis que ele criou como se fosse seu irmão mais novo. No último ano da vida de Elvis, Billy passou a maior parte do tempo com ele e com a sua esposa, Jo e, normalmente, Ginger Alden. Billy partilhou muitos pensamentos com Elvis e passou grande parte do tempo a conversar com ele. Falavam sobre como Elvis se sentia em relação a uma data de coisas, incluindo o Red, o Dave e eu e Billy partilhou muitas dessas coisas comigo. Sinto que Billy e o seu primo Gene Smith (no início) foram mais chegados a Elvis do qualquer outro dos seus primos, sendo que Harold Lloyd vinha logo a seguir. Ele era muito chegado à sua prima Patsy, que era sua prima dupla em primeiro grau.

 


Legenda: Elvis com Joe Esposito.

 

Joe Esposito: Quando conheci o Joe em 1960, gostei dele e ficámos companheiros de quarto em Graceland, a partilhar o quarto que ficava à frente do quarto de Elvis. Na realidade, gostei dele durante todos os anos que trabalhámos com Elvis. Não muito depois de ele ter chegado a Memphis, fomos todos ao Ellis Auditorium para ver o espetáculo Holiday On Ice e eu fiquei perto do Joe, dizendo-lhe que aqui era onde uma data de espetáculos de rock and roll já tinham sido tocados e quem tinham sido alguns dos artistas.

 

Ao longo dos anos houve discussões e desacordos entre alguns dos rapazes, incluindo eu, mas estou a falar daqueles em que não estive envolvido. Tinha a minha opinião sobre quem estava errado e quem estava certo e porque motivo as coisas aconteciam, mas na maior parte das vezes, essas coisas não me afetavam e, por isso, afastava-me delas. O que formou uma divisão entre o Joe e eu foi o que ele disse depois de eu ter sido despedido em 1976 e as novas afirmações que está a fazer agora.

 

O Joe precisa de acalmar e de ver de onde vem e para onde vai com esta história revisionista antes de continuar e de se envolver em alguns assuntos bastante sérios com a maior parte do resto dos rapazes. Nós resolvemos as nossas questões no passado, sem termos ido a público acerca delas. Acho que temos de fazer isso agora e no futuro mas, mais uma vez, uma data de trocas têm tido lugar ao longo dos anos, por isso, provavelmente, isso não vai acontecer. Também sou culpado de fazer isto em retaliação para com o que tem sido dito acerca de mim por outras pessoas.
 

Dick Grob: Dick começou a trabalhar connosco quando Elvis voltou a andar em digressão. Ele foi porreiro até o Red, o Dave e eu termos sido despedidos. Na altura ele vangloriou-se de Elvis querer um melhor nível de segurança e que nos tinha despedido e feito dele chefe de segurança. Sei que tenho afirmado que Elvis nunca me disse o porquê de eu ter sido despedido, Vernon disse que era para reduzir as despesas, outros disseram que era por causa dos muitos processos legais (só tive um), mas posso dizer-vos que não foi porque Elvis quisesse um melhor nível de segurança e quisesse que Grob fizesse parte dela.

 

Será que alguém realmente pensou no assunto, no motivo de Elvis nos ter despedido, se não por aquilo que tenho dito vezes sem conta? Ainda me custa quando penso que ele disse aquilo. Se ele tivesse discordado com o livro e estarmos a escrevê-lo e o tivesse dito sem os outros argumentos, teria aceite, tal como aceitei outras pessoas que fizeram essa afirmação. Até Joe tem sido citado a dizer que Elvis tinha uma excelente segurança com Red e eu e que tomávamos muito bem conta dele.

 


Legenda: Elvis com Joe Esposito e Jerry Schilling.

 

Jerry Schilling: Tenho de dizer que gosto imenso do Jerry e nunca tivemos nenhuns problemas entre os dois durante todos os anos que nos conhecemos. Mas no último ano, com o lançamento do seu livro e as afirmações que supostamente (pois ainda não o li) fez a meu respeito... não vou citá-las, pois não falei com o Jerry para saber se são as suas opiniões ou não.

 

Por isso, até então, vou conter quaisquer comentários acerca dessas afirmações. Vou mencionar uma das suas afirmações, de que lhe telefonei em 1976 depois de ter sido despedido para o envolver no meu novo livro Elvis: What Happened?, para que pudesse esclarecer as coisas. A propósito, esta afirmação do Jerry é totalmente falsa. Por favor, notem que não li nenhum dos livros escritos sobre Elvis por estas pessoas. Em alguns deles, cheguei a ler as afirmações a meu respeito nas páginas onde estava referido no índex.

 

Charlie Hodge: Um tipo pequeno com uma grande voz. Idolatrava Elvis e a sua vida estava totalmente ligada a ele. As nossas vidas giravam em torno de Elvis, mas Charlie existia para Elvis. Ele nem sequer gostava de pensar numa vida sem Elvis. Ele andou destroçado durante algum tempo até conhecer a sua esposa, Jennifer, que o amava muito e cuidou muito bem dele. É uma excelente senhora.

 


Legenda: Elvis com George Klein no dia do seu casamento com Barbara Little, em 05/12/1970.

 

George Klein: Uma pessoa de quem realmente eu gostava de ter por perto. A forma como ele me cumprimentava, "Buddy!" (a minha alcunha quando era rapaz), provoca-me sempre um sorriso. Não nos falámos ou vimos por causa de EWH, até uma circunstância triste nos voltar a reunir no mesmo sítio e que foi no funeral do nosso querido amigo, Richard Davis. Ambos fomos oradores na cerimónia e eu estava ali sentado em silêncio antes da cerimónia começar, pensando em Richard e naquilo que ia dizer acerca dele. George apareceu de repente ao meu lado, inclinou-se para baixo e abraçou-me pelo pescoço e disse baixinho, "Adoro-te, Sonny West." Eu repliquei, "Também te adoro, George". Ele endireitou-se a sorrir e regressou para a sua cadeira. Achei que aquilo foi muito simpático e pelo seu gesto, deduzi que a relação tensa que existira entre nós tinha terminado. Acabei por descobrir que não era assim. Ele disse e fez algumas coisas desde então que me mostram que assim não é, por isso, não confio mais nele.

 

Linda Thompson: A Linda Thompson foi boa para Elvis, a cuidar dele como ela fazia. Ela amava-o muito e tentou ajudá-lo com o seu problema de drogas medicamentadas, mas também embateu numa parede. Ela foi responsável por tirá-lo de uma situação perigosa mais do que uma vez.

 

Senti pena dela quando a Priscilla não a deixou partilhar o avião com ela para ir até Memphis quando Vernon mandou o avião para ir buscar Priscilla depois da morte de Elvis.

 

Ginger Alden: Nunca a conheci. Não consigo dizer nada acerca dela que seja factual, são apenas as opiniões que tenho ouvido dizer e de ler acerca dela.

 

Joe Esposito é muitas vezes referido como o espião do Coronel Parker. Parece que ganhava dinheiro tanto de Elvis como do Coronel enquanto disponibilizava informações sobre Elvis (e as vossas vidas privadas) e o que se passava ao Coronel. Alguma vez sentiu, na época, que tinham um espião no vosso seio?

Não. Não sabíamos e acho que não era tanto sobre nós que ele reportava ao Coronel. Era sobre Elvis, porque se analisarmos bem as coisas, era sobre Elvis que o Coronel se queria manter informado e não sobre nós, rapazes.

 

Larry Geller contou-nos a história sobre o Coronel ver Elvis semi consciente no seu quarto de hotel antes de um concerto e, apesar de tudo, dizer, "Agora, escutem-me. A única coisa que é importante é que esse homem esteja sobre o palco esta noite! Estão a ouvir-me? Mais nada importa." Tem algumas histórias semelhantes? Será que o Coronel pode mesmo ter sido assim tão insensível?
Antes de mais e para que conste, deixem-me afirmar que não deposito grande confiança em qualquer coisa que Geller diga, pois já ouvi contar tantas falsidades que lhe têm sido atribuídas a ele. Tal como o Joe Esposito, ele gosta de tentar e de rever a história. Ele não esteve presente durante quase 13 anos, como afirma. Foram mais três anos e meio, no total, e que incluem o último ano em que estivemos afastados. Sal Orifice foi a pessoa que lhe arranjou o trabalho com Elvis porque Sal estava de saída para ir abrir o seu próprio salão. Não foi Alan Fortas, como Geller tem contado. Por isso, tendo dito isto, não coloco grande credibilidade nessa sua afirmação acerca do Coronel, porque o amor que sentiam um pelo outro, não passava despercebido entre esses dois homens.

 

Esteve presente em setembro de 1973 quando Elvis despediu o Coronel? Elvis confidenciou-lhe os seus planos para o futuro ou o seu desejo em viajar além mar?

Sim, estava presente. O incidente que despoletou essa situação foi o despedimento de um empregado que trazia as refeições de Elvis à sua suite entre os concertos. Ele disse a Elvis que tinha sido despedido e isso enfureceu Elvis. Não me lembro do motivo que o fulano deu para ter sido despedido, mas certamente que causou um sério problema entre Elvis e o Coronel. Elvis foi para o palco nessa noite e durante o concerto falou muito mal acerca de Baron Hilton e outros responsáveis do hotel, culpando-os pelo despedimento.

 

O Coronel não estava no concerto, mas alguém o informou acerca das coisas que Elvis tinha dito e ele apareceu na suite dele pouco depois de termos subido. Estava visivelmente muito perturbado e foi para o quarto de Elvis para conversar com ele. Podíamos ouvir as vozes altas dos dois a saírem do quarto. Não éramos capazes de decifrar as palavras, mas não durou muito até o Coronel sair da porta, proclamando bem alto que iria convocar uma conferência de imprensa para a manhã e anunciar o final da sua associação negocial. Elvis gritou que estava muito bem e que iria convocar a sua própria conferência de imprensa para aquela mesma noite para lhes contar. (Isto aconteceu por volta das 02h da madrugada). O Coronel então disse que iria calcular quanto é que lhe era devido e entregar a fatura a Elvis e ao Sr. Presley no dia seguinte. Depois saiu porta fora.

 

Não me lembro de Elvis sair do quarto naquela noite depois da situação ter terminado, mas lembro-me da discussão que todos nós tivemos acerca do que tinha acontecido e das possíveis repercussões que se podiam seguir. Nomes de pessoas diferentes que podiam ser o empresário de Elvis começaram a ser pronunciados por alguns, enquanto outros limitavam-se a ouvir. Não vou citar nomes nenhuns, mas um dos rapazes pensou mesmo que podia ter acabado tudo entre Elvis e o Coronel. Disse-lhe que achava que não, que achava que tudo haveria de se resolver e continuaria como habitualmente. Mas devo confessar, durou muito mais tempo do que pensava que iria durar. Foi umas duas semanas depois que Elvis me disse para fazer um telefonema para o Coronel, no seu escritório dos estúdios da MGM. Elvis foi ao telefone, saí do quarto para ir domir um pouco, algo que já não fazia em condições há cerca de duas semanas. Elvis informou-me depois quando acordei que estava tudo bem.

 

 

Muitos fãs também culpam o Coronel Parker por ter estafado Elvis até à morte. Leu o livro muito detalhado da autoria de Alanna Nash, Elvis and the Colonel, e que pensa acerca do mesmo?
Não li o livro e recusei o convite dela para ser entrevistado para o mesmo e, não, não o li. Mais uma vez, os fãs só podem tirar as suas próprias conclusões, ou ler o livro e afirmações de terceiros sobre algo assim e acreditar. A verdade é: o Coronel fazia Elvis trabalhar muito porque - e eles não vão gostar de ouvir isto - quanto mais tempo Elvis tinha entre digressões, pior ele ficava entre as mesmas. Por vezes ao ponto de nenhum de nós ter a certeza de ele ser capaz de ir em tournée. Começámos por fazer digressões mais longas e ter longos períodos de intervalo, mas, como disse, isso não funcionava muito bem. Um mais curto período de tempo sem trabalhar funcionava melhor, mas não muito. Era a única forma de manter Elvis de passar muito tempo sem nada para fazer e de ficar ainda pior do seu problema.

 

O Coronel precisava de manter Elvis a trabalhar para alimentar o seu vício do jogo?
Não. O Coronel tinha imenso dinheiro e as suas perdas têm sido amplamente exageradas por muitos. Ele perdeu muito dinheiro, mas nunca mais do que aquele que podia perder. O Coronel tinha sempre consciência de quanto estava a ganhar ou a perder. Acreditem em mim, estive presente na maior parte das vezes.

 

No final, o Coronel Parker tirava mais de metade dos rendimentos de Elvis, o que significava que Elvis tinha de continuar a fazer digressões. Como a maior parte dos empresários tiram cerca de 10-15%, como diabo pode uma coisa destas ser justificada?

Antes de mais, nem eu, nem a maior parte dos outros sabiam de todo como eram os acordos entre o Coronel e Elvis e houve muitos. Um dizia respeito à percentagem da sua venda de discos e filmes, outro sobre os artigos concessionados que eram vendidos, por intermédio de uma empresa que o Coronel tinha criado e em que ele e Elvis eram parceiros igualitários, em que tiravam 50% cada um.

 

Mas empresários pessoais aqui nos Estados Unidos da América normalmente tiram 25%, os agentes tiram entre 10 a 15%. Têm de se lembrar, a maior parte dos empresários tinham mais do que um cliente e retiravam uma percentagem de todos eles. O Coronel recusou muitos artistas que o queriam para os empresariar, dizendo que só tinha tempo para Elvis, que ocupava 100% do seu tempo a empresariar e a promover.

 

A Morte de Elvis Presley

 

 

Sonny, quando olha para trás, para os cerca de 30 anos, se Elvis não tivesse morrido em 1977, quão diferente seria o mundo de hoje?

Sabe? Essa é uma pergunta muito interessante. Não tenho a certeza de saber a resposta. De facto, sei que não sei a resposta, mas só posso especular. Gostaria de pensar que tínhamos sido capazes de o fazer ver as coisas e que ele tivesse vencido o seu problema e, ao fazê-lo, estaríamos com ele todo o tempo que ele precisasse de nós. Se tivesse sido assim, ele ter-se-ia envolvido em fazer mais alguns filmes. Mas, desta vez, a fazer filmes que ele escolhesse e não aqueles que tinha de fazer porque estavam num contrato. Sei que já disse isto tantas vezes que as pessoas já devem estar fartas de ouvir, mas adorei trabalhar para Elvis e adorei a indústria cinematográfica, e poder fazer as duas coisas em simultâneo, tornou tudo quase perfeito.

 

E, se Elvis não tivesse morrido em 1977, quão diferente seria a opinião que o mundo tem acerca da sua lenda hoje em dia?
Outro pensamento interessante. Sabe? Se Elvis fosse vivo hoje, não tenho a certeza se seria uma lenda tão grande como é. Acho que uma lenda torna-se muito maior quando se vai numa idade mais jovem. Ele continuaria na mesma a ser a lenda das lendas, pois não acredito que qualquer outro artista venha a ser tão grande.

 

Existe um número de questões importantes nas nossas duas últimas questões. Primeiro, porque morreu Elvis Presley?

Não sei porque morreu ele. Certamente que não acho que devia ter morrido. Sei que ainda haviam coisas que ele queria fazer. Como uma digressão mundial, ir a sítios sobre os quais só tinha lido ou ouvido falar. As diferentes culturas e formas de vida que eram tão diferentes das nossas era algo de que ele falava com bastante frequência.

 

Segundo, ele tinha de morrer?

Esta respondo com um ressoante NÃO! Porque motivo tinha uma pessoa tão talentosa, com tanto ainda para oferecer ao mundo da música e do cinema morrer tão cedo na sua vida, com tanto ainda para dar? Se aquele velho ditado, "Só os bons partem jovens", é verdade, então Elvis é tudo isso em pessoa.

 

Terceiro, antes de ele morrer, acha que Elvis tinha alguma perceção da importância cultural que exerceu sobre o mundo?

Elvis sabia que havia algo de especial no facto de ele ser quem era. Ele apenas não sabia o que era ou porquê. Mas tenho a certeza que ele, tal como todos nós, nunca esperou que tudo fosse assim tão esmagador, e que não tivesse um final à vista. É realmente algo muito especial.

 

Os fãs adoram detestar o Dr. Nick, muitas vezes acusando-o da morte de Elvis. Que sente em relação ao Dr. Nick e acha que aquilo que os fãs sentem é justificado?

Sei como é ter fãs a detestarem-nos em primeira mão, acreditem. Não acho que o ódio seja justificado comigo e não acho que o seja em relação ao Dr. Nick. O Dr. Nick não é uma má pessoa, nem é mau médico. De facto, é um homem que se preocupa e um médico dedicado. Talvez até demais como médico. Foi provado que o Dr. Nick receitou medicação a mais a pacientes que não eram ricos nem famosos, por isso, isso mostra que não o fazia apenas por motivos financeiros. Ele tinha um fraquinho pelos seus doentes. E temos razão quando dizemos que ele não devia ter sido assim, que tinha responsabilidades enquanto médico e que não devia ter cedido às súplicas dos seus pacientes.

 

Persuasivo como Elvis conseguia ser quando queria mesmo muito alguma coisa, mesmo assim o Dr. Nick deveria ter dito não. Mas, haviam muitas pessoas que deviam ter dito não a Elvis logo desde o início, mas acharam isso tão difícil como o Dr. Nick também achou. Quem me dera que Elvis tivesse conseguido dizer NÃO às vontades que tinha dentro dele para o destruir. Era aí que a batalha precisava de ter sido ganha. Essas mesmas vontades existem em imensas pessoas no mundo, mas por coisas diferentes, e vão sempre existir. Têm de ser lutadas contra e derrotadas todos os dias, um dia de cada vez e estar constantemente alerta para não ceder. Não estou a defender nem a condenar o Dr. Nick, apenas estou a dizer o que sinto no meu coração.

 

E os outros médicos como o Dr. Ghanem e o Dr. Flash? Eram más pessoas?
O Dr. Flash e o Dr. Ghanem eram más pessoas. Davam a Elvis o que quer que ele quisesse, quando ele quisesse. Ambos eram de Las Vegas. O Dr. Ghanem enganou uma data de nós durante algum tempo, mas acabou por se descobrir que era como todos os médicos que se deixam comprar.

 

Elvis Pós 16 de Agosto de 1977

 

Sonny, muitos alegam que os órgãos de comunicação social se focam demasiado no Elvis com excesso de peso e comilão, às expensas da grande música que fez e que deixou para que as gerações apreciassem. O que pensa sobre este tema?

Acho que as histórias sobre o que Elvis comia, ou que ele estava com excesso de peso é algo para vender as suas revistas. O nome Elvis nos cabeçalhos é só o que é preciso para que esses "pasquins" se vendam. Costumava irritar-me quando os críticos falavam do ganho de peso de Elvis, em vez de criticarem o espetáculo, a música e a voz de Elvis. Havia alguns que analisavam a música e como ele se tinha esforçado para agradar ao público e isso era uma mudança agradável.

 

Se Elvis tivesse sobrevivido, teria 72 anos. O que acha acerca dos fãs que não conseguem acreditar que ele morreu em agosto de 1977 e pensam que ele ainda está vivo?

Sabe? Existem mesmo alguns fãs por aí que acreditam mesmo que Elvis está vivo, literalmente. Às vezes encontro-me com alguns e limito-me a dizer-lhes algumas coisas que os faz pensar um pouco mais sobre aquilo em que acreditam. Pergunto-lhes, se Elvis realmente estivesse vivo e escondido, acham mesmo que ele teria ficado quieto e permitido que Lisa Marie casasse com Michael Jackson?

 


Legendas: Lisa Marie com Michael Jackson e Nicolas Cage.

 

Não faço essa pergunta como uma forma de ser racista, mas como um facto de que Elvis não teria permitido, ou pelo menos teria sido muito persuasivo para impedir esse casamento. Não teria permitido que ela namorasse com alguém do mundo do entretenimento, especialmente um "ídolo da pop" como ele era. Nem tão pouco a teria deixado casar-se com Nicolas Cage, mais uma vez pelo mesmo motivo de Michael. Ninguém do mundo do entretenimento, fosse ator, cantor, etc., teria tido o privilégio de namorar com Lisa, muito menos de casar com ela. Elvis conseguia identificar-se demasiado com eles.

 

Sei que muitas pessoas dizem que Elvis estaria na mesma posição em que outros pais também estão no que toca a ter os seus filhos a fazer aquilo que lhes dizem para fazer. Deixem-me dizer-vos uma coisa. Não conhecem Elvis nem as sua forças se acham que a sua filha poderia ter feito o que ela queria, independentemente daquilo que o seu pai pensasse. Jamais. Ponto final.

 

Lê acerca de algumas das teorias de conspiração e fazem-no rir ou chorar?

Nem sei quantas podem existir e sei que não li sobre todas, mas daquelas sobre as quais li, aproximam-se mais do ridículo do que da possibilidade. Por isso diria que a minha resposta à maior parte delas é: posso não me rir, mas provocam-me um sorriso no rosto.

 

A filha de Lucy de Barbin, Desirée, e todas as outras crianças que dizem ser filhas de Elvis. O que pensa acerca disso - e talvez não seja surpreendente que um homem que passou tantas noites com imensas namoradas não tenha mesmo um qualquer filho secreto por aí?

Diria que é muito surpreendente e estou totalmente de acordo com essa ideia. Mas o facto é que, daquilo que sei, os que dizem que são filhos dele, normalmente receberam essa informação das suas mães mal aprenderam o significado das palavras. Acho uma pena que uma mãe faça isso ao seu filho, sabendo que é falso. E aqueles que dizem que o são têm documentos certificados do seu ADN a confirmar que as suas alegações não são verdade.

 

Dee Stanley foi para os tablóides contar rumores acerca de Elvis ser homossexual, de ter um relacionamento incestuoso com a sua mãe e outras coisas assim. Havia alguma verdade nas suas histórias e porque motivo fez ela isto? Como se deu com ela durante o tempo que viveu em Graceland?
Dee é por vezes uma pessoa perturbada. Ela tem dito algumas coisas bastante estranhas ao longo dos anos, mas passou dos limites quando disse que Vernon lhe tinha dito a ela que a sua esposa, Gladys, e o seu filho, tinham um relacionamento incestuoso. Ela queria conseguir um contrato para escrever um livro ao surgir com algo tão escandaloso. Lembro-me de ver aquele programa com Dee, juntamente com o homem do National Enquirer e J.D. Sumner, também.

 

O homem, acho que se chamava Calder, do Enquirer, estava sentado entre Dee e J.D. Quando J.D. a atacou verbalmente, com muita força e estava na berma do seu assento, Calder inclinou-se para trás na sua cadeira como que para não estar no caminho se alguma coisa acontecesse. Acho que ele chegou a pensar que J.D. pudesse dar-lhe uma bofetada ou algo assim. Mas, devo dizer, J.D. disse o que tinha a dizer e estava certíssimo.

 

Lembro-me quando ela, o Marty Lacker e eu estivemos num programa em Los Angeles, chamado AM Los Angeles, com Regis Philbin e a coanfitriã Cindy Garvey. Estávamos todos presentes para falarmos dos nossos livros. O programa foi filmado em Las Vegas, onde estivemos durante uma semana. Ela pediu-me e ao Marty para não lhe dizermos coisas cruéis, mas nenhum de nós estava com essa intenção. Mas isso foi anos antes de ela ter feito essa afirmação acerca de Elvis e a sua mãe.

 

Fonte: EIN.

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