Nesta longa entrevista com a EIN, Sonny fala sobre:
-
O seu na altura novo livro, Elvis:
Still Taking Care of Business
- Onde os
fãs o podiam encontrar durante a Semana Elvis 2007
- A história
de Sonny West
- Porque
motivo ele, Red e Dave Hebler escreveram
Elvis: What
Happened?
- Priscilla
e Ann-Margret
-
Recordações de experiências de vida em torno de Elvis
- Elvis
tinha uma personalidade auto destrutiva?
- A oferta
do filme de
Barbra Streisand
- O seu
último contacto com Elvis
- Elvis e
aqueles rumores sobre o racismo
- Elvis e a
política
- Elvis e a desordem bipolar
- A Máfia de
Memphis
- Resumo
acerca daqueles que faziam parte do círculo íntimo de Elvis
- O
verdadeiro motivo que levava o Coronel a fazer Elvis trabalhar
tanto
- A morte de
Elvis
- Elvis após
16 de agosto de 1977 - as teorias de conspiração e alegações de
Dee Presley
![](photos/entrevista2007a.jpg) ![](photos/entrevista2007b.jpg)
Elvis:
Ainda a Tomar Conta dos Negócios
Sonny, é ótimo falar consigo! Está desejoso pela imensa Semana Elvis
deste ano?
Sim, estou. É sempre uma altura
especial para mim, pois é quando fãs do mundo inteiro vêm para o
homenagear e lhe prestar os seus respeitos. É uma altura para eu
refletir sobre o que ele significou para mim.
Vai estar em Memphis a
promover o seu novo livro, Elvis: Still Taking Care of Business.
Onde é que os fãs o podem encontrar durante a Semana Elvis?
Estarei em Memphis durante a manhã de 11 e a manhã de 14
de agosto. Vou fazer a primeira aparição no almoço organizado por
Bill Burk, da Elvis World, em 12 de agosto, das 13h30 às 15h30. Para
o final desse dia, deverei estar no Days Inn, no Nº 3839 do Elvis
Presley Boulevard, na receção, das 18h00 às 20h00, para uma sessão
de autógrafos do meu livro, depois vou para o Crossings (na tenda,
do outro lado da rua de Graceland) algures por volta das 21h00 para
cumprimentar os meus queridos amigos, Danny McCorkle e Christopher
Drummond, e os fãs.
Já passou muito tempo desde 16
de agosto de 1977. Isso tornou tudo mais fácil para si escrever o
seu novo livro?
De facto, sim. Durante muitos anos, depois de o ter perdido, não
pensei em escrever outro livro. Passei por uns maus momentos, a
tentar ultrapassar essa terrível tragédia. Mas acabei por começar a
pensar que devia escrever outro livro, para contribuir para com o
seu legado, juntamente com todos os outros que já tinham escrito
sobre as suas vidas com ele. Certamente que sabia que Elvis: What
Happened? não podia e nem iria ser a minha contribuição com esse
intuito. Já afirmei que se o Red e eu tivéssemos estado a trabalhar
para Elvis até ao final, esse livro nunca teria sido escrito. Foi
escrito precisamente para evitar que isso acontecesse. De forma
alguma teria escrito esse livro após a sua morte. O livro que
publiquei agora deveria ter sido aquele que eu devia ter escrito,
mas não tenho a certeza sobre quando é que isso poderia ter sido.
Também gostaria de sublinhar que um excerto recente retirado de
"outro livro" da autoria de Joe Esposito, afirma que novas
revelações dele são as sinceras e "corretas" acerca de tudo. (A
sério?) Também afirma que a um ou a outro dado momento, todos nós
fomos despedidos e que, se tivéssemos esperado, tudo seria
esclarecido e seríamos de novo inseridos no grupo. Antes de mais,
este livro não foi uma tentativa de "vingança ou acerto de contas"
para com Elvis, o que parece ser a opinião de alguns dos outros
rapazes do grupo.
Os
mesmos que falaram contra nós por termos escrito o livro na altura
negavam que a dependência de drogas medicamentadas de Elvis eram uma
realidade. Hoje em dia, já todos escreveram livros, deram
entrevistas, afirmando agora aquilo que nós afirmámos enquanto Elvis
era vivo. Sabemos qual foi a nossa motivação quando escrevemos o
nosso livro sobre o seu problema de adição. A questão é: qual é a
motivação deles por escreverem sobre isso agora? O motivo
apresentado por um deles foi que tinha chegado à decisão de
finalmente querer ser "correto" e sincero.
E
sobre a referência da afirmação do Joe, sobre os seus pensamentos na
altura acerca da reação de Elvis para com o livro como sendo "uma
montanha que ele poderia não conseguir subir", essa não era a
montanha. Elvis já estava nessa "montanha que poderia nunca
conseguir subir" e era muito mais alta que aquela à que Joe se
estava a referir. Refiro-me à conquista de Elvis em relação à sua
natureza aditiva como sendo a montanha que tinha para subir. O nosso
livro teve a intenção de funcionar como uma catálise que desse
início à subida dessa montanha. E Elvis poderia tê-lo feito, se ao
menos tivesse reconhecido o facto de que precisava de o fazer.
Já saíram tantos livros sobre
Elvis. Como é que Elvis: Still Taking Care of Business se vai
diferenciar dos outros?
Sinto que tentei dar uma perspetiva mais pessoal acerca de Elvis e
que os fãs querem conhecer. E sinto que fui bem sucedido nessa
intenção. Claro, isso caberá aos leitores decidir. Tem sido esse o
caso daqueles que já comentaram o livro comigo e em vários posts no
mundo de Elvis. São as minhas memórias da minha vida com ele, os
altos e baixos que ocorreram entre amigos num percurso de mais de 16
anos. Claro que, se um dos nossos amigos calha a ser Elvis Presley,
de facto isso representa um grande motivo que leva as pessoas a
quererem ler livros escritos por aqueles que conviveram de perto com
ele.
Que mais gostaria de dizer aos
nossos leitores sobre Elvis: Still Taking Care of Business?
Está escrito com um amor e respeito profundos por alguém com quem
passei a maior parte da minha jovem vida de adulto, protegendo e
dando tudo o que tinha para dar para tornar a sua vida melhor e mais
segura.
O seu novo livro já está à
venda há vários meses. Como estão a correr as vendas?
Parecem estar a correr muito bem. Não recebi nenhuns números da
editora ou algo assim, mas muitas pessoas têm-me dito que o livro
tem esgotado nas livrarias e que precisam de encomendar mais. Os
números das vendas não são normalmente divulgados até terem passado
seis meses após o lançamento inicial.
Recentemente você apareceu com
um Artista de Tributo a Elvis, Pete "Big Elvis" Vallee, para
promover o livro. Muitos fãs ficaram surpreendidos com isto. O que
estava a pensar nesse momento?
Sabe, fico surpreendido que essa pergunta seja feita e até mesmo com
a reação que as pessoas tiveram. Ouvi o que os fãs disseram em
chat rooms e li posts sobre esse evento. Os fãs preconceituosos
que questionam o meu pensamento por aparecer com um jovem que tem um
problema de peso e que tem estado a trabalhar com bastante afinco
nos últimos anos para o ultrapassar, é algo que realmente me irrita.
Ele já foi bem sucedido e perdeu 130 kg. Quem pensam eles que são?
Não questiono o seu direito de pensar o que quiserem sobre os temas.
Questiono-me é como, depois de o fazerem, vêm com pensamentos que
deveriam ser eliminados por um processo razoável.
O
Pete Vallee é um jovem simpático, muito respeitador da memória de
Elvis e o seu espetáculo é um tributo para ele. Tem uma voz de
barítono muito boa que é forte, e utiliza-a da melhor forma para
cantar a música de Elvis. Alguns dos fãs (a maior parte deles) são
os mesmos que têm andado a "deitar-me abaixo" a mim, ao Red e ao
Dave nos últimos 30 anos. Ótimo, essa é prerrogativa deles. Mas
exercer esse direito em relação a uma pessoa como o Pete, que não
fez nada para ofender ninguém, é ERRADO! Digo-vos isto, pessoal.
Elvis não o admitiria se hoje estivesse aqui connosco. Ponto final.
Sobre Sonny West
Antes de
falarmos sobre Elvis, gostaríamos de saber um pouco mais sobre Sonny
West, a pessoa. Quem é Sonny West?
Sonny West é Sonny West. Tal como muitos da minha idade, que
cresceram durante a era da depressão, os anos 50, sentimo-nos
afortunados por ainda estarmos vivos e neste mundo. Nasci em Memphis
e fui criado para respeitar as pessoas mais velhas e a ter
consideração pelos outros. Cresci num bairro muito duro, com o
"gangue mais duro" de Memphis, num projeto habitacional do governo
chamado Lamar Terrace. Sempre detestei os "fanfarrões" e protegia
outros deles sempre que a oportunidade se apresentava. Fui criado
numa grande família de 6 filhos e fui o primeiro rapaz a nascer, mas
sou o quarto filho. Quando saí da escola secundária, fui para a
Força Aérea, saí e regressei a Memphis. Arranjei um trabalho na
Ralston-Purina Company, depois mudei de emprego e fui trabalhar para
a Ace Appliance Company, a reparar eletrodomésticos, que foi onde
trabalhei até começar a trabalhar para Elvis, em abril de 1960.
Sem contar com a promoção do seu
novo livro, que faz hoje em dia Sonny West?
Sou o Produtor Executivo numa série televisiva que ainda está no seu
estágio de desenvolvimento nesta altura e prestes a apresentar o seu
primeiro episódio. Se tudo correr bem, irá para o ar no próximo ano.
A nossa data apontada para começar a gravar é no final deste outono
ou no início do ano que vem. Acho que vai ser um programa que vai
entreter bastante a família e várias pessoas em todo o país, assim
como no resto do mundo, gostarão de ver.
Também faço apresentações com
diferentes promotores em todo o mundo, a contar a minha vida e tempo
que passei com Elvis e trabalho com Artistas de Tributo a Elvis.
Pessoalmente acredito que eles ajudam mesmo a projetar a imagem de
Elvis e ajudam a apresentá-lo a novos fãs. Há muitos que lhe fazem
um tributo muito bonito, desde que se apercebam de quem são, e de
quem Elvis é, não tenho problema algum com eles. Mas assim que saem
do palco, nem se atrevam a falar ou a agir como ele. Não sou capaz
de ficar ali a ouvir aquilo.
![](photos/entrevista2007e.JPG)
Legenda: Elvis e Priscilla, na
cerimónia de casamento de Sonny West com Judy, em 28/12/1970.
Como é que a vida para si e para
Judy mudou desde a morte de Elvis?
Estamos bem. Temos continuado a viajar e a ver partes do mundo que
provavelmente nunca teria sido possível se não fosse pela minha vida
com Elvis. Reconheço isso e sinto-me muito grato para com ele por
isso.
O que tem feito desde 1977?
A Judy e eu criamos e fazemos exposição de Cavalos Árabes, temos um
negócio de joalharia por encomenda e fizemos um filme juntos,
intitulado The Disc Jockey. Tivemos a nossa segunda criança
em 1981, uma filha, que é a luz das nossas vidas. Um ano depois,
tornei-me no Diretor de Segurança para uma digressão da RJ Reynolds
Tobbaco Co., com o popular grupo de country do Alabama, e também
espetáculos com artistas singulares, como Mickey Gilley, Johnny Lee
e Juice Newton, em 1982-83. Aprendi como se faz o negócio de
contratação de talentos e trabalhei nisso enquanto estive em
Nashville, que foi quando mudei a minha família para lá, em agosto
de 1984.
A minha mulher e eu fomos
proprietários de um serviço de limpeza de construção durante alguns
anos. Era um trabalho muito duro, mas ganhava-se bem. Alguns
problemas de saúde da minha parte forçaram-nos a reformar-nos dessa
indústria. Também fui disc jockey numa estação de rádio AM, a WMRO,
em Gallatin, no Tennessee, durante 3 anos. Fui o anfitrião do The
Doo Wop Show, a tocar canções dos anos 50, 60 e algumas dos anos
70. Foi muito divertido. Era um programa de canções antigas, mas
boas.
![](photos/entrevista2007d.jpg)
Legendas: Sonny com Judy, em
maio de 2005 (quando tudo ainda estava bem) e Sonny com Judy, em
outubro de 2016 (quando ele já estava a travar sérios problemas com
um cancro de pulmão e Judy com um cancro na mama).
O que faz Sonny West no seu tempo
livre?
Que tempo livre?! (Ri-se) Elvis ainda, à sua maneira muito própria,
me mantém bastante ocupado com aparições pessoais e os meus
programas. Passo tempo com a minha família, jogo um bocadinho de
golf e é mesmo só um bocadinho. Por vezes também não faço nada, o
que às vezes sabe mesmo bem.
Para além de Elvis, quem são os
seus outros cantores favoritos?
Certamente que tenho uma favorita na Céline Dion. Afirmei no meu
livro que acredito que ela também teria sido uma das cantoras
favoritas de Elvis, senão mesmo a sua favorita. A primeira vez que
ouvi The Power of Love, estava a levar a minha filha, Alana, de
carro à escola, e aumentei o volume. Quando a canção acabou,
disse-lhe que aquela canção iria ser um êxito, assim como a senhora
que a tinha cantado. Ela ainda se lembra disso até hoje. Claro, há
outros que também gosto muito, como Shania Twain, Tom Jones, Elton
John, Roy Orbison, Frankie Valli, Jackie Wilson e Connie Francis. Na
realidade, são demasiados para conseguir enumerá-los a todos.
E quem são os seus atores
favoritos?
Gene Hackman, Clint
Eastwood, Dustin Hoffman, Jon Voight, Russell Crowe, James Woods,
Kurt Russell, Denzel Washington, Mel Gibson, Sidney Poitier, Robert
DeNiro, Al Pacino, Marlon Brando, Christopher Walken e muitos mais.
E depois há o imortal James Dean, que era o meu favorito nos anos
50.
Um Sonny West (supostamente do
Lubbock, no Texas) gravou alguns singles para a Atlantic em 1958,
incluindo Rave On. Alguns livros sugeriram que poderia ser você. O
que é que sabe acerca deste outro Sonny West?
É um compositor/cantor do qual sei
muito pouco, para além de que temos o mesmo nome. Já houve várias
pessoas que me perguntaram se eu sou o mesmo homem e só preciso de
cantar um verso ou dois e percebem logo que não. Estou a brincar!
Não, mas a sério, não sei nada acerca dele.
Já viajou muito fora dos Estados
Unidos?
Já fui à Inglaterra, Alemanha e Austrália. Estou desejoso de
regressar à Inglaterra e à Alemanha este verão. Também espero poder
viajar até à Dinamarca e Suíça neste outono em outubro e,
possivelmente, a outros países no futuro.
Quais são alguns dos seus locais
favoritos?
A minha esposa, Judy, que viaja comigo, e eu, adoramos todos os
locais até onde já viajámos e estamos sempre ansiosos por conhecer
novos sítios. Todos são nossos favoritos. O Hawaii é decididamente
um dos nossos locais mais favoritos no mundo.
O seu casamento com Judy já dura há
quase quatro décadas. Qual é o vosso segredo?
A Judy é o segredo. Ela teve de lidar com imensas coisas durante os
anos que estivemos juntos e lidou com tudo de forma brilhante. Ela é
a cola.
E já pensou em patenteá-la?
(Ri-se). Ela é a patente. Tenho a
certeza que existem outras pessoas por aí que têm o mesmo tipo de
patente.
Elvis:
What Happened?
Elvis: Still Taking Care of
Business é,
claro, o seu segundo livro sobre o tempo que passou com Elvis. Em
1977 os fãs foram altamente críticos de Elvis: What Happened?
Em 2007, agora muitos vêem o livro de uma forma diferente e mais
aceitável. Como é que vê esta publicação, quando olha para o
passado?
Ainda me perturba
que aquilo que tentámos fazer tenha sido mal interpretado como uma
"vingança" pelo facto de Elvis nos ter despedido, ou que o
tivéssemos "feito por dinheiro". Nenhum dos argumentos podia estar
mais longe da verdade. De forma simples, nós conhecíamos Elvis - as
pessoas que nos criticaram, não conheciam. Elvis enfrentava todos os
desafios que lhe apresentavam e ultrapassava-os. E pensámos que
seria capaz de o fazer novamente. Enquanto trabalhámos para ele,
tínhamos acesso a ele para o confrontar sobre o que estava a fazer a
si mesmo. Quando fomos despedidos, ficámos sem esse acesso. O livro
era para lhe tentar mostrar, de forma irrefutável, o que estava a
fazer a si mesmo e aos que o rodeavam e o amavam. E sobre as coisas
contadas no livro sobre o que ele fez nos anos 60, também foi pelos
mesmos motivos. Quando ele tomava comprimidos de dieta e analgésicos
que interferiam com as suas emoções, incluindo a sua raiva volátil,
dizia ou fazia coisas que normalmente não diria ou faria.
Elvis transformava-se noutra pessoa
sob a influência de certas medicações, incluindo a cortisona, que é
um esteróide e pode por vezes tornar uma pessoa irritável e algo
agressiva no seu comportamento. Mas nada disto foi escrito com
compaixão, compreensão ou preocupação. O escritor, Steve Dunleavy,
foi contratado para escrever o livro para a World News Corp., com
quem tinha assinado contrato para o livro. Ele escrevia para a
publicação semanal The Star, que era na altura propriedade da
World News Corp. Ele não sentiu nenhumas das emoções que mencionei
antes quando estava a escrever, por isso, não conseguimos senti-las
nas palavras que ele escreveu. E muitas vezes, tivemos de fazer
intervalos, pois éramos levados às lágrimas pelas recordações e
pensamentos que por vezes eram dolorosos.
![](photos/entrevista2007g.jpg)
Legendas: O livro que gerou
tanta polémica, e uma foto de Dave Hebler, Red e Sonny West, em
1977.
Sem dúvida que um dos maiores
elementos de crítica em relação a Elvis: What Happened? foi o
seu estilo altamente sensacional, em estilo tablóide. Steve Dunleavy
obviamente moldou o estilo ao livro. Se pudesse voltar atrás, teria
avançado com um coautor diferente?
Já expliquei isto na pergunta anterior. Se tivéssemos tido a
oportunidade, sem dúvida que teríamos escolhido outro escritor.
Acho que escolhi o melhor coautor em
Marshall Terrill para o meu segundo livro. Se naquele tempo
tivéssemos tido hipótese de escolher e ele estivesse disponível na
altura (e não estava, pois só tinha 13 anos na altura), teria sido a
minha escolha e acho que o Red e o Dave teriam concordado.
Sonny, você diz em Elvis: Still
Taking Care of Business que Elvis: What Happened? foi um
grande falhanço. O que quer dizer com isto?
Porque a intenção do livro não aconteceu. Elvis não foi de encontro
ao desafio. Se o tivesse feito, ficaríamos todos a parecer uns
mentirosos. Mas, para poder fazer isso, Elvis teria de parar o que
estava a fazer, sair das drogas e mostrar aos fãs que não estava sob
a influência de medicações prescritas. Uma vez ele fez isso em Las
Vegas, quando uma vez um moço de recados disse que Elvis estava
"passado com drogas".
Essa afirmação pôs Elvis muito
zangado. Endireitou-se num instante e deu alguns dos melhores
concertos com a energia que os seus fãs estavam habituados a ver
nele. Também ameaçou o tipo enquanto estava sobre o palco, que o
atacaria se soubesse que moço de recados é que tinha dito aquilo.
Esse discurso está na realidade contido num CD que existe por aí, no
mundo de Elvis, e muitos fãs já o ouviram.
Dave Hebler só trabalhou para Elvis
um par de anos, de 1973 a 1976. Tinha ele o direito de participar em
Elvis: What Happened? quando só tinha coisas más para dizer e
nenhuma referência acerca dos primeiros anos e bons momentos
passados com Elvis?
Sabe, acho que o Dave tem sido criticado de forma negativa,
por pessoas que acham que ele esteve presente por muito pouco tempo.
Mas tem de pensar acerca desse pouco tempo e quando foi. Aconteceu
quando as coisas começaram a descambar um pouco. O Dave gostava
muito de Elvis e não estar presente durante muito tempo não tem
assim tanta importância como as pessoas pensam. Não era preciso
passar muito tempo com Elvis, de todo, para ser tocado por ele de
uma forma que mudava as vossas vidas para sempre.
Veja só os fãs que nunca o conheceram,
ou que nem sequer nunca o viram em pessoa e veja como as vidas deles
foram tão profundamente tocadas e mudadas por ele. Pode não ter
ouvido falar dos anos que o Red e eu tivemos com Elvis nas palavras
do Dave, mas não ter estado presente nos primeiros anos não quer
dizer que ele não tivesse algumas recordações maravilhosas de alguns
bons momentos quando esteve presente. O Dave expressava-se, talvez
de um forma analítica, mas por certo cuidadosa, acerca de alguns
temas que o preocupavam sobre alguns comportamentos de Elvis. Todos
nós tínhamos personalidades diferentes e o Dave, para os que de
entre nós o conheceram bem, era uma mente muito analítica.
Considero-o um amigo querido e um que gostaria de ter para me
proteger as costas. Quanto ao facto de ter o "direito de participar
em EWH", não teve nada a ver com "o direito". Teve a ver com o facto
de ele ter estado lá e de se sentir preocupado com o declínio da
saúde de Elvis. Ele participou para tentar ajudar Elvis. Ponto final.
A Vida em Torno de
Elvis
Você esteve com
Elvis de 1960 a 1976. Esta é uma parte substancial da sua vida. Como
lidou com a notícia da sua morte?
Foi
uma parte substancial da minha vida e uma que sinceramente adorei
viver. Não lidei nada bem com a notícia da morte de Elvis. Fiquei
devastado e fui-me abaixo. Sem contar com o meu primo Red e a sua
esposa, a Pat, não falei com mais ninguém nesse dia, exceto a minha
esposa. Não era capaz. Chorei durante a maior parte do dia e pela
noite fora. Andava de divisão em divisão, na nossa casa, a perguntar
porquê, a pensar só nos bons momentos que tínhamos partilhado ao
longo dos anos. A esperança de que ele se endireitasse estava
perdida. Não ia acontecer e eu sentia-me tão vazio. Não dormi nessa
noite e depois, na manhã seguinte, a ver o programa Good Morning
America, com Dunleavy e Geraldo Rivera presentes, indo um atrás
do outro com ataques pessoais, e depois os dois a fazerem
comentários acerca de Elvis, senti-me enraivecido. Nenhum deles
conheceu o homem.
Dunleavy só sabia as coisas que lhe
tínhamos contado e Geraldo afirmou que se tinha encontrado com o
homem em várias ocasiões e que "ele estava tão lúcido como qualquer
pessoa nesta sala". Depois afirmou que tinha a certeza de "haver um
flirt com drogas, pois é da natureza do negócio" (do entretenimento)
mas, para lhe chamar um viciado, era uma mentira", acho que esta é
uma citação correta. Como se viria a descobrir, Geraldo admitiu no
seu livro, Exposing Myself, que só tinha visto Elvis uma vez,
e que tinha sido nos bastidores durante 10 minutos, numa entrevista
no Madison Square Garden. Isso não chega a qualificá-lo de perito em
Elvis, não acham? Nunca chamámos Elvis de viciado e fiz um
telefonema para o meu advogado para saber se ele podia organizar uma
conferência de imprensa no seu escritório no final desse dia, o que
fez. Essa é aquela em que o Dave e eu participámos, já que o Red
estava a trabalhar numa série televisiva. Foi quando o Dave disse
uma frase que define tudo quando um repórter lhe perguntou o que
poderíamos ter feito mais para proteger Elvis de tomar drogas. O
Dave replicou, "Como se protege um homem de si mesmo?" Um pensamento
final sobre este assunto. Um par de anos mais tarde, Geraldo usou
todos os recursos e poder de uma série televisiva de investigação de
grande qualidade, 20/20, e expôs o problema de drogas
medicamentadas de Elvis num dos seus segmentos semanais. Tanto
quanto sei, ele ainda nunca reconheceu que estávamos a contar a
verdade e/ou nos pediu desculpas quando nos chamou de mentirosos.
![](photos/entrevista2007i.jpg)
Legendas: Sonny com Elvis,
durante as filmagens de It Happened at the World's Fair e com
Juliet Prowse e Pat Boone, durante as filmagens de G.I. Blues.
Sempre viajou com o grupo para os
cenários cinematográficos de Elvis? Em quantos filmes apareceu?
De uma ou outra forma, trabalhei na
maior parte dos filmes de Elvis. Ou trabalhava com ele, como extra,
num cena de luta, ou como ator. Não me lembro exatamente em quantos
filmes foi. Divertimo-nos imenso durante esses anos. Foram os meus
anos favoritos com ele.
Alguma vez passou tempo sozinho com
Elvis e chegou a conhecê-lo numa base íntima? Alguma vez lhe
confidenciou os seus receios ou a sua solidão?
Passámos alguns momentos sozinhos, como provavelmente a maior parte
dos rapazes fez, a um ou dado momento. Muitas das nossas conversas
ocorriam quando éramos só nós dois a conduzir, dentro do carro. Por
vezes, em casa, quando não estava ninguém à volta, o que não
acontecia com muita frequência. Tenho de lhe dizer, ele nunca falou
acerca da sua solidão como se fosse algo que o preocupasse. Mas
tenho de dizer que ele realmente parecia ser a pessoa mais solitária
do mundo no meio de uma grande multidão. Por vezes, havia uma
sensação em que ele se mostrava como parecendo muito vulnerável. E
era nestes momentos que me sentia mais protetor dele.
Quando comecei a trabalhar para ele,
tinha 21 anos e, embora tivesse estado na Força Aérea, ainda estava
bastante verde. Olhava para ele como se ele fosse um irmão mais
velho "do mundo", que me mostrava como era a vida. Mas mais para o
perto do nosso tempo final juntos, sentia-me como se eu é que fosse
o seu irmão mais velho, a cuidar do meu irmãozinho. A maior
preocupação, para além da ameaça de morte em Vegas, era de perder a
sua voz e de não ser mais capaz de cantar. Essa era uma grande
preocupação sua em Las Vegas, onde as condições que são referidas
como "Garganta de Vegas" era porque o ar árido do deserto podia
causar problemas aos cantores.
Uma noite, quando perdeu completamente
a voz enquanto estava sobre o palco do Hilton em Las Vegas, vimos o
pânico puro no seu rosto. Ele ficou muito assustado, tal como todos
nós, pois não sabíamos o que estava mal, ou se era uma condição
permanente, ou algo assim. Depois desse incidente, ele fez tudo o
que pôde para manter a sua garganta húmida.
Houve uma vez, sobre o passar tempo
sozinho com ele, que se destaca na minha mente e que tem tanta
importância para mim. Foi um momento breve com ele, na cozinha da
sua casa em Chino Canyon, em Palm Springs. O meu quarto ficava ao
lado da cozinha e quando ouvi lá algum barulho, levantei-me para
encontrar Elvis por ali à procura de algo para comer. Ofereci-me
para lhe preparar alguma coisa, o que ele quisesse, ou ir buscar-lhe
alguma coisa. Ele parou durante um segundo, virou-se, olhou para mim
e depois disse, "Sonny... amo-te, homem."
Aquela frase tão
simples, vinda dele, tocou-me profundamente. Eu disse, "Obrigado,
chefe, também te amo." Ele replicou, "Eu sei." Depois ele virou-se e
continuou à procura de algo e disse, "É um daqueles momentos em que
nos apetece alguma coisa, mas não sabemos o quê... percebes o que
quero dizer?" Eu disse-lhe que sim e continuei, "Bem, se te
decidires sobre o que queres comer, diz-me, está bem?" Ele disse que
diria, trocámos boas noites e voltei para o meu quarto. Poucos
minutos depois, a cozinha estava silenciosa. Esqueci-me de lhe
perguntar no dia seguinte se ele tinha encontrado alguma coisa para
comer, ou não. Talvez não se tivesse decidido por nada.
![](photos/entrevista2007j.jpg)
Legendas: Priscilla com Elvis
(1963) e Sonny com Elvis e Priscilla, em Las Vegas (1969).
Como é que as coisas mudaram para
si quando Priscilla chegou a Graceland?
Bem, não muito no início, sem contar que tínhamos de ter cuidado com
a nossa linguagem, para o caso de ela estar perto para ouvir. E o
conteúdo das nossas conversa também mudou um pouco, quando ela
estava por perto. Mas as coisas acabaram por mudar e, de algumas
formas, com todo o direito. Ela queria passar mais tempo sozinha com
ele, mas era difícil de conseguir pôr Elvis a fazer isso. Ele
gostava de nos ter a nós, rapazes, por perto a maior parte do tempo.
E por vezes, isso era motivo de discussão entre os dois. Ela como
que nos culpava disso, mas não era decisão nossa. Acho que agora, em
retrospetiva, ela apercebe-se disso. Não muito depois de se terem
casado, cerca de um ano ou assim, mudaram-se para uma casa mais
pequena em Hillcrest Drive, em Beverly Hills. Havia menos espaço
para os rapazes ficarem ali. Suponho que ela pensou que isso lhe
daria mais tempo privado com ele.
![](photos/entrevista2007m.jpg)
Legendas: Ann-Margret, numa
foto promocional e Elvis com Ann-Margret, durante as filmagens de
Viva Las Vegas.
O que achou do relacionamento de
Elvis com Ann-Margret? Eram mesmo o casal perfeito ou ambos com
personalidades demasiado fortes? Fez amizade com ela?
Tenho de lhe dizer, eu adorava a Ann-Margret. Achava que ela e Elvis
ficavam ótimos juntos e tinham uma química espetacular, tanto no
ecrã como fora dele. Eram muito compatíveis.
Ela era referida como a "Elvis
feminina" e era mesmo verdade. O seu sentido de humor e
personalidade estavam tão obviamente sintonizados com ele. Davam-se
muito bem, sem quaisquer conflitos de personalidade.
Todos os rapazes adoravam a
Ann-Margret e ela gostava de nós e da nossa companhia. Ela entendia
que Elvis queria ter-nos por perto e, quando ele não queria,
fazia-nos saber e nós desaparecíamos.
Você e Judy foram residentes
permanentes na casa de Monovale, em LA. Que recordações tem do tempo
lá passado?
Depois dos assassinatos das atrizes Sharon Tate e Jay Sebring (que
Elvis conhecia), que mais tarde se veio a descobrir terem sido
cometidos pela família Manson, Elvis disse a Priscilla para procurar
uma casa maior porque ele queria sair daquela casa. Ela encontrou a
casa em Monovale Drive e a Judy e eu mudámo-nos para lá com eles.
Depois o nosso filho, o Bryan, nasceu dois anos mais tarde e viveu
lá até ter quase um ano de idade, quando nos mudámos para uma casa
que ficava apenas a 15 minutos de distância. Por essa altura,
Charles Manson estava na cadeia, assim como os seus discípulos
drogados que assassinavam por ele e as coisas assentaram um
bocadinho.
Quais são as suas melhores recordações
do tempo passado com Elvis?
Foram tantas que é realmente difícil
de escolher algumas. Houve algumas, como conhecer o Presidente
Nixon, Muhammad Ali, e só de estar com Elvis e amigos dele que eram
celebridades nos estúdios cinematográficos, em Vegas, Tahoe e até em
tournée.
Tem alguns arrependimentos acerca do
tempo que passou com Elvis?
De não ter sido capaz de chegar perto
dele quando foi mais necessário, perto do final. Sem contar com
isso, foi maravilhoso estar perto dele.
Por volta de meados dos anos 70, o
estado psicológico e emocional de Elvis era errático. Porque motivo
acha que ele se perdeu no caminho a um nível pessoal?
Acho que Elvis estava a ficar
progressivamente mais apático em relação à vida fora do palco, com
início em 1975-76. Ele adorava atuar, mas fazer outras coisas que em
tempos ele tanto gostara parecia estar a desaparecer. O seu
interesse por atividades simplesmente não existia. Nesse último ano,
ele só passou tempo com o seu primo, o Billy e a sua esposa, a Jo e,
claro, a Ginger, ou qualquer outra mulher quando ela não estava lá.
O meu último momento realmente bom com ele foi em janeiro de 1976,
quando fomos para o Vail, no Colorado, para passar 10 dias e celebrar
o seu 41º aniversário.
Na altura em que Barbra Streisand
ofereceu a Elvis o papel a seu lado em A Star is Born, ele
estava mesmo dentro do correto estado de espírito para poder lidar
com esse desempenho?
Não na altura em que ela se encontrou
com ele, mas ele poderia ter-se colocado no correto estado de
espírito se se tivesse comprometido em o fazer. Teria sido muito
desafiador para ele, mas teria sido capaz de o fazer. Ele foi muito
convincente quando nos disse que ia fazer o filme, e apertou-nos as
mãos para nos mostrar a sua sinceridade. Mas dois ou três dias
depois, quando ele começou a fazer pequenos comentários acerca de
como teria de lidar com Barbra Streisand no filme, e um comentário
sobre Jon Peters, o companheiro dela, alguns de nós apercebemo-nos
que ele não ia fazer o filme. O Red e eu olhámos um para o outro e
abanámos a cabeça enquanto o ouvíamos. Ele disse ao Coronel Parker
que tinha mudado de ideias e que o removesse do projeto. O Coronel
fez exatamente isso e depois ficou com as culpas todas, como se
fosse ele que tivesse impedido Elvis de participar no filme. Foi
apenas mais uma vez em que o Coronel foi acusado de algo que
supostamente fez para prejudicar a carreira de Elvis.
Sonny, Elvis tinha uma personalidade
auto destrutiva?
Não. Fez algumas coisas desafiadoras
na sua vida, mas nada que a mim indicasse que tinha um distúrbio de
auto destruição. Ele sabia como se afastar de uma situação que sabia
que o podia colocar num sítio onde não queria ir. Acredito realmente
que único problema que Elvis teve foi uma natureza aditiva. Podemos
testemunhar isso algumas vezes noutras partes da sua vida. Se ele
não tivesse tido essa adição, teria estado ótimo. Mas não era
capaz de lutar contra aquilo. O meu irmão Billy era um indivíduo
muito forte e quero dizer forte mesmo. Foi presidente de um moto
clube em Memphis durante muitos anos e liderou esse clube com punho
de ferro. Mas tinha o vício do jogo e não era capaz de o combater e
isso custou-lhe a vida.
Qual foi a experiência mais
assustadora que teve perto de Elvis?
Foi quando ele recebeu uma ameaça de
morte em Las Vegas. Era uma tentativa de extorsão, mas na altura foi
uma ameaça muito real e o FBI foi chamado para analisar o caso.
Fizeram um perfil da pessoa e consideram-no um indivíduo perturbado
que muito provavelmente poderia levar a sua ameaça avante. Disseram
que queria ser apanhado para viver o seu momento de fama. Bem, não
querem lá saber? Enquanto eu estava num sítio estratégico no palco,
vi alguém que se ajustava ao perfil na minha área de
responsabilidade entre o público. Estava vestido com um fato escuro,
como óculos de sol postos e estava constantemente a olhar em volta,
prestando pouca atenção a Elvis, em cima do palco.
Não aplaudiu uma única vez, quando
todos os outros no público o faziam. Pensei, tem de ser aquele o
tipo. Senti-me muito intenso durante todo o concerto, a observá-lo
de perto. Nem vos consigo dizer como estava assustado, a pensar o
tempo todo, se for ele, terei eu tempo de o impedir antes de ele dar
um tiro a Elvis? O final do concerto finalmente veio e, enquanto ele
se levantava, com o resto do público, meteu a mão no interior do
bolso do seu casaco e eu estive mesmo a um microssegundo de me atirar
para cima dele lá do palco, quando ele tirou um lenço do bolso para
limpar a testa. Caramba, isso foi intenso.
Descobrimos que ele era apenas um
"grande jogador", cuja esposa o tinha forçado a sentar-se com ela no
espetáculo, em vez de o deixar ficar onde ele realmente queria, que
era no casino. Obviamente que ele não era fã de Elvis como a sua
esposa. E também, aquela sensação do que fazer, mesmo que se tenha
uma arma, quando uma arma já esteja apontada a Elvis. Comecei a
praticar um saque rápido até sentir que era suficientemente rápido
para suceder em ser veloz que bastasse para salvar a vida dele na
eventualidade de isso algum dia acontecer.
E qual foi a experiência mais
gratificante?
Mais uma vez, uma pergunta difícil de
responder, pois foram tantas. Uma que me vem à ideia foi quando ele
deu uma cadeira elétrica a uma senhora idosa negra que vivia na
mesma área em que ele tinha crescido, no norte de Memphis. Saiu um
artigo no jornal, que Marty Lacker leu e mostrou a Elvis. Elvis
leu-o e simplesmente disse que descobríssemos onde ela vivia. Ele,
vários de nós, rapazes, e Priscilla, levámos-lhe a cadeira e foi
Elvis que lha presenteou. Houve lágrimas nos olhos de todos. Tenho
de lhe dizer, a forma como ele foi com ela, tão respeitoso e
caloroso, foi um momento maravilhoso de ver: como Elvis era
realmente uma pessoa carinhosa e decente.
Sabemos da última conversa telefónica
de Red com Elvis. Qual foi o seu último contacto com ele?
O meu último contacto com ele foi no
meu aniversário, em 5 de julho de 1976. Foi no hall de entrada de
Graceland, depois de termos acabado de dar um espetáculo no
Mid-South Coliseum, no final da digressão que tinha durado uns 12
dias. Desejei-lhe boa noite e para que ele descansasse, que o via
dali a uns dias. Enquanto ele começava a subir as escadas para ir
para o seu quarto, disse que era isso que ia fazer e depois
disse-me, "Feliz aniversário". Agradeci-lhe e disse-lhe que a Judy
me tinha feito um bolo e se ele queria um bocadinho. Ele respondeu,
"Oh, sim. A Linda leva-me algum cá para cima. Boa noite." Nunca mais
voltei a vê-lo ou a falar com ele.
Telefonei para a sua casa em Palm
Springs, acho que foi no dia seguinte, depois de Vernon me ter
notificado do meu despedimento, mas ele ainda não se tinha
levantado, segundo um dos rapazes com quem falei do outro lado da
linha. No dia seguinte, quando voltei a ligar, o número tinha sido
alterado. Poucos dias depois, o Dave Hebler descobriu que Elvis
tinha saído de Palm Springs e tinha ido para Las Vegas, para ficar
na casa do Dr. Ghanem.
O médico atendeu-me o telefone e
perguntei se Elvis já tinha acordado. Ele disse que sim e que tinha
acabado de comer. Pedi-lhe para perguntar a Elvis se podia falar com
ele por um momento, o que ele fez (suponho eu). O Dr. Ghanem voltou
à linha para dizer que Elvis não queria falar comigo. Sugeri que
Elvis podia estar a pensar que eu lhe ia pedir o meu emprego de
volta, por isso, pedi ao médico para lhe explicar que não se tratava
nada disso, mas que só queria saber o verdadeiro motivo de eu ter
sido despedido. Até disse ao médico que ele podia perguntar-lhe e
dizer-me a resposta de Elvis, que Elvis não precisava de falar
comigo se não quisesse. Ghanem voltou ao telefone e disse-me que
Elvis não queria falar sobre esse assunto. Disse ao Dr. Ghanem,
"Bem, por favor diga-lhe que não vou voltar a ligar." Tenho de lhe
dizer, estava muito magoado.
Elvis e o racismo foi um tema
recorrente (e importante pelos motivos errados) ao longo da carreira
de Elvis. De facto, continua a persistir, mesmo em 2007. Qual é a
sua perspetiva sobre esta controvérsia?
Não sei de onde surgiu essa ideia. Ele
foi acusado de ser preconceituoso com pessoas negras, judias e
mexicanas. Nada disto é verdade.
Magoava-o quando ele sabia que se
andavam a dizer essas coisas acerca dele e nenhum de nós conseguiu
perceber como começou e por quem.
Isso assombrou Elvis durante a sua
vida e não podia ser mais distante da verdade. Sinto que existem
conspirações por indivíduos e associações que originam afirmações
como estas e, de alguma forma, vão parar aos orgãos de comunicação
social.
Elvis era uma pessoa recatada em
relação às suas ideias políticas. Porque acha que era assim,
particularmente porque no final dos anos 60 muitas estrelas do
cinema e do rock foram bastante públicas acerca das suas ideias
políticas?
Elvis era bastante privado acerca das
suas ideias políticas, mas era muito apaixonado acerca delas em
privado, connosco e com amigos em quem sentia que podia confiar. Ele
apenas sentia que pessoas em posições como ele e muitos outros no
ramo do entretenimento não deviam influenciar as pessoas com as suas
opiniões e influenciá-las a fazer algo por causa de quem eram. Ele
não gostaria de ver o que se passa hoje em dia, com os ataques
odiosos e verbais feitos contra o nosso Presidente por aqueles que
discordam das suas políticas.
Levando este assunto um bocadinho mais
adiante, houve sinais de um "Elvis político" a expressar-se em
1698-69 com os seus dois singles de sucesso,
If I Can Dream e
In the Ghetto. Não ter
progredido o tema lírico nestas canções não terá sido uma
oportunidade perdida para Elvis se ligar a uma "nova
consciencialização política" no mercado de compra discográfica?
Não acredito que Elvis alguma vez
tenha visto isso dessa forma. Não estive presente quando ele fez o
especial em 1968, por isso não posso comentar sobre a canção
If I Can Dream, mas estava presente
quando ele gravou In the Ghetto,
sobre a qual pensou bastante se iria gravar. Ele adorava a canção,
mas sempre tentou evitar temas controversos, a falar, a cantar, de
qualquer forma de expressão que de alguma forma outros pudessem
pensar que era essa a sua forma de pensar pessoal sobre o assunto.
Ambas canções são excelentes peças musicais e sinto-me muito feliz
por ele as ter gravado.
Têm havido algumas sugestões de que
Elvis podia bem sofrer da desordem depressiva da bipolaridade.
Sintomas conhecidos são dificuldades em dormir, impulsividade,
mudanças de temperamento rápidas, comoção, por vezes paragens e
facilidade de distração e fraca concentração. Estes sintomas
descrevem Elvis? Acha que ele poderia ter sido bipolar?
Sabe, esta é uma questão interessante,
muito embora esteja mais dentro do assunto agora do que na época. É
verdade que a maioria, senão mesmo todos os sintomas que enumerou,
existiam em Elvis. Mas muitos, senão mesmo todos esses sintomas, são
também associados a medicações que exercem esses efeitos nas
pessoas. Mas não quero mesmo adensar-me mais neste tema, pois não
estou suficientemente informado para fazer comentários.
A Máfia de Memphis
![](photos/entrevista2007n.jpg)
A Máfia de
Memphis tem o seu próprio estatuto icónico. Por muitos relatos, foi
uma altura muito divertida. É verdade?
Foi
uma altura divertida. Recebemos o nome em 1962 enquanto passámos
imenso tempo em Las Vegas a usar fatos pretos e óculos de sol. Não
tenho bem a certeza de quem é que publicou isso na imprensa, mas
alguém supostamente comentou isso na altura enquanto saíamos de uma
limusine em frente de um dos hotéis/casinos de Las Vegas. Quando
saímos do carro para entrar, alguém perguntou se era a Máfia e outra
pessoa respondeu, "Sim, é a Máfia de Memphis." Quase que tenho a
certeza que foi James Bacon, um colunista do entretenimento no
jornal vespertino, o Herald-Examiner de Los Angeles, que escreveu
isso na sua coluna e o nome pegou. Diria que é um relato verídico
dizer que o nome representou alturas imensamente divertidas.
As pessoas muitas vezes descrevem a
Máfia de Memphis como "penduras" ou até "sanguessugas" que deveriam
ter sido mais honestos com Elvis, dizendo-lhe a verdade para seu
próprio bem. Você mesmo já disse que, "Acenávamos sempre a cabeça e
concordávamos com ele." Era mesmo assim tão difícil de desafiar
Elvis? Lá fundo sente que poderia ter feito mais?
Antes de mais, gostaria de que ficasse
registado que não éramos "penduras". Alguém de entre vós que é
assalariado com funções e responsabilidades atribuídas se consideram
"penduras" dos vossos patrões? Claro que não. Consideram os vossos
amigos que não trabalham para vós, mas que passam tempo convosco a
fazer-vos visitas ou a passear ou outra coisa qualquer, como
"penduras"? A resposta para isso é não. Não éramos groupies.
Será que é porque trabalhámos para Elvis Presley, a super estrela
das super estrelas, que não devemos receber respeito nenhum como
pessoas a fazer o seu trabalho e a divertir-se enquanto o fazem porque
o seu patrão assim quer? Convenhamos, as mesmas pessoas que dizem
isso acerca de nós, 9 em cada 10 delas trocariam de lugar connosco
num segundo. E amigos, isso é RÁPIDO! A sério, não acho que seja
justo julgarem-nos como algo assim tão diferente de qualquer outra
pessoa que exerça um trabalho assalariado. Acontece que tivemos um
patrão espetacular que gostava de se divertir muito enquanto
trabalhava e queria que estivéssemos presentes em cada passo do
caminho.
Quanto a dizer a Elvis a verdade e a
ser honesto com ele, houve alguns de nós que fizeram isso. Em 1961
fiz-lhe frente, apenas um ano depois de ter começado a trabalhar
para ele. Ele fez-me ameaças, eu disse-lhe que isso não iria
acontecer. Comparei-o com um oficial da Gestapo porque ele parecia
ter desenvolvido uma espécie de ar arrogante e mal disposto.
Disse-lhe que ele tinha mudado, que já não gostava dele e não queria
mais estar ao pé dele. Terminei a conversa por lhe dizer que me
despedia e ia embora. Isso garantiu-me um murro no queixo, que
magoou muito mais os meus sentimentos do que a dor física. Virei-me
e fui-me embora.
Por favor, gostaria de saber em que
contexto e sob que tema afirmei eu isso, que "Acenávamos sempre a
cabeça e concordávamos com ele". Estou a falar sobre a altura em que
possa ter feito essa afirmação. Por isso, quem quer que tenha feito
a pergunta, gostaria de saber quando, onde e de que assunto estava
eu a falar quando disse isso. Gostaria de esclarecer essa frase, se
conseguirem apresentar uma resposta.
Ainda mantém contacto com todo o velho
grupo de Elvis, tal como Larry Geller, Marty Lacker, Joe Esposito?
Como são os vossos relacionamentos hoje em dia?
Continuo em contacto bastante próximo
com Marty Lacker, Lamar Fike, Billy Smith, Dave Hebler e, é claro, o
meu primo, Red West. Nunca mais voltei a falar com Larry Geller,
desde 1972, quando ele veio até um dos concertos de Elvis em Las
Vegas com Johnny Rivers. Ele foi-se embora nessa noite e só
regressou depois de eu já ter ido embora, em julho de 1976. Quanto a
Joe Esposito, não voltei a falar com ele ou a vê-lo até maio de
2003, em Palm Springs, num evento em que ambos fomos convidados para
participar. Bem, as coisas correram bem, e achei melhor apenas
seguir em frente e deitar tudo para trás das costas. Depois, em
2006, Charlie Hodge, que também esteve nesse concerto em Palm
Springs, faleceu subitamente. A sua viúva, Jennifer, pediu-me para
falar no seu funeral, o que concordei fazer. Depois ela pediu-me se
eu podia contactar alguns dos outros e perguntar-lhes se queriam
dizer alguma coisa. Eles podiam escrever e eu podia ler as suas
mensagens na cerimónia. Contactei muitos deles, incluindo Joe, que
disse que não, que outra pessoa iria falar por ele, Priscilla e
outros. Sei que ele só disse isso depois de lhe ter enviado um email
e quando não obtive uma resposta, por causa do prazo, telefonei-lhe.
Na altura ele disse-me que não, que tinha tomado medidas para ser
outra pessoa a fazer isso. Sei que ele tomou essas medidas depois de
ter recebido o meu email. E assim é Joe.
Também gostaria de apontar que um
excerto de "outro livro" da autoria de Joe Esposito (o mesmo Joe que
disse uma vez "Todos sabiam" quando um fã lhe pediu para contar uma
história que nunca tinha sido contada) afirmou que novas revelações
suas eram honestas e iriam "esclarecer" tudo.
Nós fizemos isso há 30 anos atrás,
enquanto Elvis estava vivo, quando ele nos podia ter desafiado ou,
pelo menos, refutar o que dizíamos com palavras ou gestos, mas Joe
decidiu que agora é que é a altura de ser honesto, quando ele não o
consegue ser. Boa altura para a tua "revelação de honestidade e
correção", Joe.
Ele também diz que o livro EWH foi
escrito por "vingança e para fazer contas com Elvis" por termos sido
despedidos. Ele sabe bem que não, mas talvez isso o deixe com a
imagem de ser um dos bons tipos que permaneceu leal a Elvis. Uma
coisa que pode ser interessante nestas suas novas "correções" e
revelações honestas, se é que o está mesmo a ser, será a história que
ele conta sobre a verdade por trás do fiasco do raquetebol, do qual
Elvis saiu, por sentir que estava a ser usado e enganado por alguns
nesse negócio. Nas próprias palavras de Elvis a Red, na última
conversa que tiveram os dois, Elvis estava farto de todo aquele
negócio do raquetebol e afirmou que não ia avançar mais com ele.
Pelo que entendei e ouvi, acabou por custar uma data de dinheiro a
Elvis.
Quais foram os pontos altos de ser um
elemento da Máfia de Memphis?
Apenas o
sentimento de ser um dos rapazes, a viajar e a trabalhar com um
patrão incrível. Foi uma aventura espetacular!
E os pontos mais baixos?
Nunca houve nenhum para mim.
Próximos de Elvis
Sonny, como resumiria, em poucas palavras, as pessoas que seguem:
Minnie Mae Presley: Uma
pessoa de quem eu gostava imenso e com quem passei bastante tempo,
só a falar acerca da sua vida. O seu tema menos favorito e com o
qual por vezes brincava com ela era o seu ex marido. Uma vez
conheci-o em digressão quando fomos tocar a Louisville e quando lhe
disse isso, ela ficou logo alterada. Ele era mesmo um conquistador
de senhoras e esse tinha sido o problema entre os dois. Ela era
muito sensata acerca da vida e era ótimo conversar com ela, sobre
qualquer assunto. O seu tema favorito de conversa era sobre como
Elvis era um rapazinho tão bom enquanto estava a crescer e como ela
se sentia orgulhosa dele por ter chegado a ser o homem que era. Eles
eram muito chegados.
Priscilla Presley: Alguém
que parece determinada em manter o nome Presley por sobrenome. Elvis
disse-nos que havia uma cláusula nos documentos do divórcio que os
advogados tinham inserido, afirmando que ela não poderia usar o nome
Presley para uma carreira. E ela não o fez até depois da sua morte,
quando voltou a usar o nome e iniciou uma carreira no cinema. Muitos
anfitriões de televisão e colunistas referem-se a ela como a viúva
de Elvis em vez da sua ex mulher.
Lisa
Marie Presley: Tenho
a certeza que ela não vai gostar de saber disto se alguém lhe for
contar, mas sinto que o seu pai se sentiria triste com algumas das
decisões que ela tem tomado na sua vida e extremamente zangado com
outras. Ela criticou alguns de nós, dizendo que tirámos a dignidade
dele e que prejudicamos a sua memória, mas obviamente que não assume
responsabilidade por algumas das suas próprias ações. (Não estou a
falar dos seus quatro casamentos). Ela tinha 9 anos de idade quando
Elvis morreu. Ela não sabia quais eram as ideias dele como um adulto
sobre os temas dos quais estou a falar acerca da vida dela, ou
talvez então ela não tivesse agido da mesma forma.
Sei que ela não teria agido nada da
mesma forma se o seu pai fosse vivo. Não gosto da ideia de falar
acerca dela de uma forma negativa, mas é muito difícil saber aquilo
que ela disse acerca de mim sob todas as formas dos média, TV, rádio
e imprensa e ficar calado. Há tantas coisas que poderia apontar
sobre certas coisas que ela diz, mas contenho-me por motivos óbvios.
Ela é filha de Elvis e por respeito para com a sua memória,
permaneço silencioso.
![](photos/entrevista2007o.jpg)
Legenda: O Coronel Parker com
Elvis.
Coronel Tom Parker: A
pessoa mais amaldiçoada no mundo de Elvis Presley. Ele gostava de
Elvis, por vezes tinha uma maneira brusca de ser quando uma situação
o parecia exigir. Nem sempre tinha razão, ninguém tem, mas quase
sempre tinha. Ele merece muito mais crédito que aquele que tem
recebido. No meu livro, corrijo uma data de mal entendidos acerca do
Coronel, a maior parte dos quais foram ditos por pessoas que
simplesmente desconheciam a verdade das coisas, até mesmo por
elementos do círculo íntimo de Elvis, ou outros que pareciam ter uma
vontade de criticar.
Red
West: Meu
primo, um tipo duro com um coração grande e a minha vida com Elvis
foi por causa dele. Teve uma relação muito especial com Elvis desde
o início. Tenho muito orgulho daquilo que ele fez na sua vida, com a
sua composição de canções e representação no cinema. Tem imenso
talento em ambos campos.
Marty Lacker: Marty
é uma daquelas pessoas que é honesta e muito capaz a
coisas e fez precisamente isso durante muitos anos para Elvis. Foi
capataz quando Joe esteve ausente e partilhou esses deveres com Joe
quando este regressou até Marty ter ido embora para passar mais
tempo com a sua família. Foi padrinho no casamento de Elvis. Um tipo
duro que vos conta as coisas como são, por vezes de forma precisa.
Mas ou o aceitam como é e o adoram, ou não. Eu adoro-o.
Lamar Fike: Um
tipo engraçado muito oportuno que adora ser o centro das atenções de
uma forma divertida. É capaz de vos pôr a rir às gargalhadas num
minuto. É uma pessoa muito bem lida e informada numa data de
assuntos deste mundo e consegue falar convosco de uma forma muito
conhecedora sobre praticamente quase todos os assuntos. É muito
divertido tê-lo por perto.
Billy Smith: Primo
de Elvis que ele criou como se fosse seu irmão mais novo. No último
ano da vida de Elvis, Billy passou a maior parte do tempo com ele e
com a sua esposa, Jo e, normalmente, Ginger Alden. Billy partilhou
muitos pensamentos com Elvis e passou grande parte do tempo a
conversar com ele. Falavam sobre como Elvis se sentia em relação a
uma data de coisas, incluindo o Red, o Dave e eu e Billy partilhou
muitas dessas coisas comigo. Sinto que Billy e o seu primo Gene
Smith (no início) foram mais chegados a Elvis do qualquer outro dos
seus primos, sendo que Harold Lloyd vinha logo a seguir. Ele era
muito chegado à sua prima Patsy, que era sua prima dupla em primeiro
grau.
![](photos/entrevista2007p.jpg)
Legenda: Elvis com Joe
Esposito.
Joe
Esposito: Quando
conheci o Joe em 1960, gostei dele e ficámos companheiros de quarto
em Graceland, a partilhar o quarto que ficava à frente do quarto de
Elvis. Na realidade, gostei dele durante todos os anos que
trabalhámos com Elvis. Não muito depois de ele ter chegado a
Memphis, fomos todos ao Ellis Auditorium para ver o espetáculo
Holiday On Ice e eu fiquei perto do Joe, dizendo-lhe que aqui
era onde uma data de espetáculos de rock and roll já tinham sido
tocados e quem tinham sido alguns dos artistas.
Ao
longo dos anos houve discussões e desacordos entre alguns dos
rapazes, incluindo eu, mas estou a falar daqueles em que não estive
envolvido. Tinha a minha opinião sobre quem estava errado e quem
estava certo e porque motivo as coisas aconteciam, mas na maior
parte das vezes, essas coisas não me afetavam e, por isso,
afastava-me delas. O que formou uma divisão entre o Joe e eu foi o
que ele disse depois de eu ter sido despedido em 1976 e as novas
afirmações que está a fazer agora.
O
Joe precisa de acalmar e de ver de onde vem e para onde vai com esta
história revisionista antes de continuar e de se envolver em alguns
assuntos bastante sérios com a maior parte do resto dos rapazes. Nós
resolvemos as nossas questões no passado, sem termos ido a público
acerca delas. Acho que temos de fazer isso agora e no futuro mas,
mais uma vez, uma data de trocas têm tido lugar ao longo dos anos,
por isso, provavelmente, isso não vai acontecer. Também sou culpado
de fazer isto em retaliação para com o que tem sido dito acerca de
mim por outras pessoas.
Dick
Grob: Dick
começou a trabalhar connosco quando Elvis voltou a andar em
digressão. Ele foi porreiro até o Red, o Dave e eu termos sido
despedidos. Na altura ele vangloriou-se de Elvis querer um melhor
nível de segurança e que nos tinha despedido e feito dele chefe de
segurança. Sei que tenho afirmado que Elvis nunca me disse o porquê
de eu ter sido despedido, Vernon disse que era para reduzir as
despesas, outros disseram que era por causa dos muitos processos
legais (só tive um), mas posso dizer-vos que não foi porque Elvis
quisesse um melhor nível de segurança e quisesse que Grob fizesse parte
dela.
Será que alguém realmente pensou no
assunto, no motivo de Elvis nos ter despedido, se não por aquilo que
tenho dito vezes sem conta? Ainda me custa quando penso que ele
disse aquilo. Se ele tivesse discordado com o livro e estarmos a
escrevê-lo e o tivesse dito sem os outros argumentos, teria aceite,
tal como aceitei outras pessoas que fizeram essa afirmação. Até Joe
tem sido citado a dizer que Elvis tinha uma excelente segurança com
Red e eu e que tomávamos muito bem conta dele.
![](photos/entrevista2007q.jpg)
Legenda: Elvis com Joe Esposito
e Jerry Schilling.
Jerry Schilling: Tenho
de dizer que gosto imenso do Jerry e nunca tivemos nenhuns problemas
entre os dois durante todos os anos que nos conhecemos. Mas no
último ano, com o lançamento do seu livro e as afirmações que
supostamente (pois ainda não o li) fez a meu respeito... não vou
citá-las, pois não falei com o Jerry para saber se são as suas
opiniões ou não.
Por isso, até então, vou conter
quaisquer comentários acerca dessas afirmações. Vou mencionar uma
das suas afirmações, de que lhe telefonei em 1976 depois de ter sido
despedido para o envolver no meu novo livro Elvis: What Happened?,
para que pudesse esclarecer as coisas. A propósito, esta afirmação
do Jerry é totalmente falsa. Por favor, notem que não li nenhum dos
livros escritos sobre Elvis por estas pessoas. Em alguns deles,
cheguei a ler as afirmações a meu respeito nas páginas onde estava
referido no índex.
Charlie Hodge: Um
tipo pequeno com uma grande voz. Idolatrava Elvis e a sua vida
estava totalmente ligada a ele. As nossas vidas giravam em torno de
Elvis, mas Charlie existia para Elvis. Ele nem sequer gostava de
pensar numa vida sem Elvis. Ele andou destroçado durante algum tempo
até conhecer a sua esposa, Jennifer, que o amava muito e cuidou
muito bem dele. É uma excelente senhora.
![](photos/entrevista2007r.jpg)
Legenda: Elvis com George Klein
no dia do seu casamento com Barbara Little, em 05/12/1970.
George Klein: Uma
pessoa de quem realmente eu gostava de ter por perto. A forma como
ele me cumprimentava, "Buddy!" (a minha alcunha quando era rapaz),
provoca-me sempre um sorriso. Não nos falámos ou vimos por causa de
EWH, até uma circunstância triste nos voltar a reunir no mesmo sítio
e que foi no funeral do nosso querido amigo, Richard Davis. Ambos
fomos oradores na cerimónia e eu estava ali sentado em silêncio
antes da cerimónia começar, pensando em Richard e naquilo que ia
dizer acerca dele. George apareceu de repente ao meu lado,
inclinou-se para baixo e abraçou-me pelo pescoço e disse baixinho,
"Adoro-te, Sonny West." Eu repliquei, "Também te adoro, George". Ele
endireitou-se a sorrir e regressou para a sua cadeira. Achei que
aquilo foi muito simpático e pelo seu gesto, deduzi que a relação
tensa que existira entre nós tinha terminado. Acabei por descobrir
que não era assim. Ele disse e fez algumas coisas desde então que me
mostram que assim não é, por isso, não confio mais nele.
Linda Thompson: A
Linda Thompson foi boa para Elvis, a cuidar dele como ela fazia. Ela
amava-o muito e tentou ajudá-lo com o seu problema de drogas
medicamentadas, mas também embateu numa parede. Ela foi responsável
por tirá-lo de uma situação perigosa mais do que uma vez.
Senti pena dela quando a Priscilla não
a deixou partilhar o avião com ela para ir até Memphis quando Vernon
mandou o avião para ir buscar Priscilla depois da morte de Elvis.
Ginger Alden: Nunca
a conheci. Não consigo dizer nada acerca dela que seja factual, são
apenas as opiniões que tenho ouvido dizer e de ler acerca dela.
Joe Esposito é
muitas vezes referido como o espião do Coronel Parker. Parece que
ganhava dinheiro tanto de Elvis como do Coronel enquanto
disponibilizava informações sobre Elvis (e as vossas vidas privadas)
e o que se passava ao Coronel. Alguma vez sentiu, na época, que
tinham um espião no vosso seio?
Não. Não sabíamos
e acho que não era tanto sobre nós que ele reportava ao Coronel. Era
sobre Elvis, porque se analisarmos bem as coisas, era sobre Elvis
que o Coronel se queria manter informado e não sobre nós, rapazes.
Larry Geller contou-nos a história
sobre o Coronel ver Elvis semi consciente no seu quarto de hotel
antes de um concerto e, apesar de tudo, dizer, "Agora, escutem-me. A
única coisa que é importante é que esse homem esteja sobre o palco
esta noite! Estão a ouvir-me? Mais nada importa." Tem algumas
histórias semelhantes? Será que o Coronel pode mesmo ter sido assim
tão insensível?
Antes de mais e para que conste, deixem-me afirmar que não deposito
grande confiança em qualquer coisa que Geller diga, pois já ouvi
contar tantas falsidades que lhe têm sido atribuídas a ele. Tal como
o Joe Esposito, ele gosta de tentar e de rever a história. Ele não
esteve presente durante quase 13 anos, como afirma. Foram mais três
anos e meio, no total, e que incluem o último ano em que estivemos
afastados. Sal Orifice foi a pessoa que lhe arranjou o trabalho com
Elvis porque Sal estava de saída para ir abrir o seu próprio salão.
Não foi Alan Fortas, como Geller tem contado. Por isso, tendo dito
isto, não coloco grande credibilidade nessa sua afirmação acerca do
Coronel, porque o amor que sentiam um pelo outro, não passava
despercebido entre esses dois homens.
Esteve presente
em setembro de 1973 quando Elvis despediu o Coronel? Elvis
confidenciou-lhe os seus planos para o futuro ou o seu desejo em
viajar além mar?
Sim,
estava presente. O incidente que despoletou essa situação foi o
despedimento de um empregado que trazia as refeições de Elvis à sua
suite entre os concertos. Ele disse a Elvis que tinha sido despedido
e isso enfureceu Elvis. Não me lembro do motivo que o fulano deu
para ter sido despedido, mas certamente que causou um sério problema
entre Elvis e o Coronel. Elvis foi para o palco nessa noite e
durante o concerto falou muito mal acerca de Baron Hilton e outros
responsáveis do hotel, culpando-os pelo despedimento.
O Coronel não estava no concerto, mas
alguém o informou acerca das coisas que Elvis tinha dito e ele
apareceu na suite dele pouco depois de termos subido. Estava
visivelmente muito perturbado e foi para o quarto de Elvis para
conversar com ele. Podíamos ouvir as vozes altas dos dois a saírem
do quarto. Não éramos capazes de decifrar as palavras, mas não durou
muito até o Coronel sair da porta, proclamando bem alto que iria
convocar uma conferência de imprensa para a manhã e anunciar o final
da sua associação negocial. Elvis gritou que estava muito bem e que
iria convocar a sua própria conferência de imprensa para aquela
mesma noite para lhes contar. (Isto aconteceu por volta das 02h da
madrugada). O Coronel então disse que iria calcular quanto é que lhe
era devido e entregar a fatura a Elvis e ao Sr. Presley no dia
seguinte. Depois saiu porta fora.
Não me lembro de Elvis sair do quarto
naquela noite depois da situação ter terminado, mas lembro-me da
discussão que todos nós tivemos acerca do que tinha acontecido e das
possíveis repercussões que se podiam seguir. Nomes de pessoas
diferentes que podiam ser o empresário de Elvis começaram a ser
pronunciados por alguns, enquanto outros limitavam-se a ouvir. Não
vou citar nomes nenhuns, mas um dos rapazes pensou mesmo que podia
ter acabado tudo entre Elvis e o Coronel. Disse-lhe que achava que
não, que achava que tudo haveria de se resolver e continuaria como
habitualmente. Mas devo confessar, durou muito mais tempo do que
pensava que iria durar. Foi umas duas semanas depois que Elvis me
disse para fazer um telefonema para o Coronel, no seu escritório dos
estúdios da MGM. Elvis foi ao telefone, saí do quarto para ir domir
um pouco, algo que já não fazia em condições há cerca de duas
semanas. Elvis informou-me depois quando acordei que estava tudo
bem.
![](photos/entrevista2007t.jpg)
Muitos fãs também culpam o Coronel
Parker por ter estafado Elvis até à morte. Leu o livro muito
detalhado da autoria de Alanna Nash, Elvis and the Colonel, e
que pensa acerca do mesmo?
Não li o livro e recusei o convite dela para ser entrevistado para o
mesmo e, não, não o li. Mais uma vez, os fãs só podem tirar as suas
próprias conclusões, ou ler o livro e afirmações de terceiros sobre
algo assim e acreditar. A verdade é: o Coronel fazia Elvis trabalhar
muito porque - e eles não vão gostar de ouvir isto - quanto mais
tempo Elvis tinha entre digressões, pior ele ficava entre as mesmas.
Por vezes ao ponto de nenhum de nós ter a certeza de ele ser capaz
de ir em tournée. Começámos por fazer digressões mais longas e ter
longos períodos de intervalo, mas, como disse, isso não funcionava
muito bem. Um mais curto período de tempo sem trabalhar funcionava
melhor, mas não muito. Era a única forma de manter Elvis de passar
muito tempo sem nada para fazer e de ficar ainda pior do seu
problema.
O Coronel precisava de manter Elvis
a trabalhar para alimentar o seu vício do jogo?
Não. O Coronel tinha imenso dinheiro e as suas perdas têm sido
amplamente exageradas por muitos. Ele perdeu muito dinheiro, mas
nunca mais do que aquele que podia perder. O Coronel tinha sempre
consciência de quanto estava a ganhar ou a perder. Acreditem em mim,
estive presente na maior parte das vezes.
No final, o Coronel Parker tirava mais
de metade dos rendimentos de Elvis, o que significava que Elvis
tinha de continuar a fazer digressões. Como a maior parte dos
empresários tiram cerca de 10-15%, como diabo pode uma coisa destas
ser justificada?
Antes de mais, nem eu, nem a maior
parte dos outros sabiam de todo como eram os acordos entre o Coronel
e Elvis e houve muitos. Um dizia respeito à percentagem da sua venda
de discos e filmes, outro sobre os artigos concessionados que eram
vendidos, por intermédio de uma empresa que o Coronel tinha criado e
em que ele e Elvis eram parceiros igualitários, em que tiravam 50%
cada um.
Mas empresários pessoais aqui nos
Estados Unidos da América normalmente tiram 25%, os agentes tiram
entre 10 a 15%. Têm de se lembrar, a maior parte dos empresários
tinham mais do que um cliente e retiravam uma percentagem de todos
eles. O Coronel recusou muitos artistas que o queriam para os
empresariar, dizendo que só tinha tempo para Elvis, que ocupava 100%
do seu tempo a empresariar e a promover.
A Morte de Elvis
Presley
![](photos/entrevista2007v.jpg)
Sonny, quando olha para trás, para os cerca de 30 anos, se Elvis não
tivesse morrido em 1977, quão diferente seria o mundo de hoje?
Sabe? Essa é uma pergunta muito interessante. Não tenho a certeza de
saber a resposta. De facto, sei que não sei a resposta, mas só posso
especular. Gostaria de pensar que tínhamos sido capazes de o fazer
ver as coisas e que ele tivesse vencido o seu problema e, ao
fazê-lo, estaríamos com ele todo o tempo que ele precisasse de nós.
Se tivesse sido assim, ele ter-se-ia envolvido em fazer mais alguns
filmes. Mas, desta vez, a fazer filmes que ele escolhesse e não
aqueles que tinha de fazer porque estavam num contrato. Sei que já
disse isto tantas vezes que as pessoas já devem estar fartas de
ouvir, mas adorei trabalhar para Elvis e adorei a indústria
cinematográfica, e poder fazer as duas coisas em simultâneo, tornou
tudo quase perfeito.
E, se Elvis não tivesse morrido em 1977, quão diferente seria a
opinião que o mundo tem acerca da sua lenda hoje em dia?
Outro pensamento interessante. Sabe? Se
Elvis fosse vivo hoje, não tenho a certeza se seria uma lenda tão
grande como é. Acho que uma lenda torna-se muito maior quando se vai
numa idade mais jovem. Ele continuaria na mesma a ser a lenda das
lendas, pois não acredito que qualquer outro artista venha a ser tão
grande.
Existe um número de questões
importantes nas nossas duas últimas questões. Primeiro, porque
morreu Elvis Presley?
Não sei porque morreu ele. Certamente
que não acho que devia ter morrido. Sei que ainda haviam coisas que
ele queria fazer. Como uma digressão mundial, ir a sítios sobre os
quais só tinha lido ou ouvido falar. As diferentes culturas e formas
de vida que eram tão diferentes das nossas era algo de que ele
falava com bastante frequência.
Segundo, ele tinha de morrer?
Esta respondo com
um ressoante NÃO! Porque motivo tinha uma pessoa tão talentosa, com
tanto ainda para oferecer ao mundo da música e do cinema morrer tão
cedo na sua vida, com tanto ainda para dar? Se aquele velho ditado,
"Só os bons partem jovens", é verdade, então Elvis é tudo isso em
pessoa.
Terceiro, antes de ele morrer, acha
que Elvis tinha alguma perceção da importância cultural que exerceu
sobre o mundo?
Elvis sabia que havia algo de especial
no facto de ele ser quem era. Ele apenas não sabia o que era ou
porquê. Mas tenho a certeza que ele, tal como todos nós, nunca
esperou que tudo fosse assim tão esmagador, e que não tivesse um
final à vista. É realmente algo muito especial.
Os fãs adoram detestar o Dr. Nick,
muitas vezes acusando-o da morte de Elvis. Que sente em relação ao
Dr. Nick e acha que aquilo que os fãs sentem é justificado?
Sei como é ter fãs a detestarem-nos em
primeira mão, acreditem. Não acho que o ódio seja justificado comigo
e não acho que o seja em relação ao Dr. Nick. O Dr. Nick não é uma
má pessoa, nem é mau médico. De facto, é um homem que se preocupa e
um médico dedicado. Talvez até demais como médico. Foi provado que o
Dr. Nick receitou medicação a mais a pacientes que não eram ricos
nem famosos, por isso, isso mostra que não o fazia apenas por
motivos financeiros. Ele tinha um fraquinho pelos seus doentes. E
temos razão quando dizemos que ele não devia ter sido assim, que
tinha responsabilidades enquanto médico e que não devia ter cedido
às súplicas dos seus pacientes.
Persuasivo como Elvis conseguia ser
quando queria mesmo muito alguma coisa, mesmo assim o Dr. Nick
deveria ter dito não. Mas, haviam muitas pessoas que deviam ter dito
não a Elvis logo desde o início, mas acharam isso tão difícil como o
Dr. Nick também achou. Quem me dera que Elvis tivesse conseguido
dizer NÃO às vontades que tinha dentro dele para o destruir. Era aí
que a batalha precisava de ter sido ganha. Essas mesmas vontades
existem em imensas pessoas no mundo, mas por coisas diferentes, e
vão sempre existir. Têm de ser lutadas contra e derrotadas todos os
dias, um dia de cada vez e estar constantemente alerta para não
ceder. Não estou a defender nem a condenar o Dr. Nick, apenas estou
a dizer o que sinto no meu coração.
E os outros médicos como o Dr.
Ghanem e o Dr. Flash? Eram más pessoas?
O Dr. Flash e o Dr. Ghanem eram más pessoas. Davam a Elvis o que
quer que ele quisesse, quando ele quisesse. Ambos eram de Las Vegas.
O Dr. Ghanem enganou uma data de nós durante algum tempo, mas acabou
por se descobrir que era como todos os médicos que se deixam
comprar.
Elvis Pós 16 de Agosto
de 1977
Sonny, muitos alegam que os órgãos de comunicação social se focam
demasiado no Elvis com excesso de peso e comilão, às expensas da
grande música que fez e que deixou para que as gerações apreciassem.
O que pensa sobre este tema?
Acho
que as histórias sobre o que Elvis comia, ou que ele estava com
excesso de peso é algo para vender as suas revistas. O nome Elvis
nos cabeçalhos é só o que é preciso para que esses "pasquins" se
vendam. Costumava irritar-me quando os críticos falavam do ganho de
peso de Elvis, em vez de criticarem o espetáculo, a música e a voz
de Elvis. Havia alguns que analisavam a música e como ele se tinha
esforçado para agradar ao público e isso era uma mudança agradável.
Se Elvis tivesse
sobrevivido, teria 72 anos. O que acha acerca dos fãs que não
conseguem acreditar que ele morreu em agosto de 1977 e pensam que
ele ainda está vivo?
Sabe? Existem mesmo alguns fãs
por aí que acreditam mesmo que Elvis está vivo, literalmente. Às
vezes encontro-me com alguns e limito-me a dizer-lhes algumas coisas
que os faz pensar um pouco mais sobre aquilo em que acreditam.
Pergunto-lhes, se Elvis realmente estivesse vivo e escondido, acham
mesmo que ele teria ficado quieto e permitido que Lisa Marie casasse
com Michael Jackson?
![](photos/entrevista2007w.jpg) ![](photos/entrevista2007x.jpg)
Legendas: Lisa Marie com
Michael Jackson e Nicolas Cage.
Não faço essa
pergunta como uma forma de ser racista, mas como um facto de que
Elvis não teria permitido, ou pelo menos teria sido muito persuasivo
para impedir esse casamento. Não teria permitido que ela namorasse
com alguém do mundo do entretenimento, especialmente um "ídolo da
pop" como ele era. Nem tão pouco a teria deixado casar-se com
Nicolas Cage, mais uma vez pelo mesmo motivo de Michael. Ninguém do
mundo do entretenimento, fosse ator, cantor, etc., teria tido o
privilégio de namorar com Lisa, muito menos de casar com ela. Elvis
conseguia identificar-se demasiado com eles.
Sei que muitas pessoas dizem que Elvis
estaria na mesma posição em que outros pais também estão no que toca
a ter os seus filhos a fazer aquilo que lhes dizem para fazer.
Deixem-me dizer-vos uma coisa. Não conhecem Elvis nem as sua forças
se acham que a sua filha poderia ter feito o que ela queria,
independentemente daquilo que o seu pai pensasse. Jamais. Ponto
final.
Lê
acerca de algumas das teorias de conspiração e fazem-no rir ou
chorar?
Nem
sei quantas podem existir e sei que não li sobre todas, mas
daquelas sobre as quais li, aproximam-se mais do ridículo do que da
possibilidade. Por isso diria que a minha resposta à maior parte
delas é: posso não me rir, mas provocam-me um sorriso no rosto.
A filha de Lucy de Barbin, Desirée, e
todas as outras crianças que dizem ser filhas de Elvis. O que pensa
acerca disso - e talvez não seja surpreendente que um homem que
passou tantas noites com imensas namoradas não tenha mesmo um
qualquer filho secreto por aí?
Diria que é muito surpreendente e
estou totalmente de acordo com essa ideia. Mas o facto é que,
daquilo que sei, os que dizem que são filhos dele, normalmente
receberam essa informação das suas mães mal aprenderam o significado
das palavras. Acho uma pena que uma mãe faça isso ao seu filho,
sabendo que é falso. E aqueles que dizem que o são têm documentos
certificados do seu ADN a confirmar que as suas alegações não são
verdade.
Dee Stanley foi para os tablóides
contar rumores acerca de Elvis ser homossexual, de ter um
relacionamento incestuoso com a sua mãe e outras coisas assim. Havia
alguma verdade nas suas histórias e porque motivo fez ela isto? Como
se deu com ela durante o tempo que viveu em Graceland?
Dee é por vezes uma pessoa perturbada. Ela tem dito algumas coisas
bastante estranhas ao longo dos anos, mas passou dos limites quando
disse que Vernon lhe tinha dito a ela que a sua esposa, Gladys, e o
seu filho, tinham um relacionamento incestuoso. Ela queria conseguir
um contrato para escrever um livro ao surgir com algo tão
escandaloso. Lembro-me de ver aquele programa com Dee, juntamente
com o homem do National Enquirer e J.D. Sumner, também.
O homem, acho que se chamava Calder,
do Enquirer, estava sentado entre Dee e J.D. Quando J.D. a
atacou verbalmente, com muita força e estava na berma do seu
assento, Calder inclinou-se para trás na sua cadeira como que para
não estar no caminho se alguma coisa acontecesse. Acho que ele
chegou a pensar que J.D. pudesse dar-lhe uma bofetada ou algo assim.
Mas, devo dizer, J.D. disse o que tinha a dizer e estava certíssimo.
Lembro-me quando ela, o Marty Lacker e
eu estivemos num programa em Los Angeles, chamado AM Los Angeles,
com Regis Philbin e a coanfitriã Cindy Garvey. Estávamos todos
presentes para falarmos dos nossos livros. O programa foi filmado em
Las Vegas, onde estivemos durante uma semana. Ela pediu-me e ao
Marty para não lhe dizermos coisas cruéis, mas nenhum de nós estava
com essa intenção. Mas isso foi anos antes de ela ter feito essa
afirmação acerca de Elvis e a sua mãe.
Fonte:
EIN. |