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O Elvis 100% Tem Reunião
Há
recordações que ficam connosco para sempre depois de se viajar até às
terras de Elvis. Nunca hei-de esquecer o que aconteceu pouco depois da
Olga Susana e eu nos termos sentado no avião que nos ia levar para Newark.
Ligaram o rádio durante breves segundos e quem havia de estar a cantar?
Elvis. Mas a canção é que era interessante: Good Luck Charm. Como
sabem, o título quer dizer “Amuleto de Sorte”. Só pude interpretar
isso como um bom augúrio. Quando chegámos a Newark e nos preparávamos
para apanhar o avião que nos levaria a Memphis, o rádio também foi
ligado por breves segundos. E quem haveria de estar a cantar? Elvis. Mas o
estranho é que era outra vez Good Luck Charm! Olhei para a Olga e senti
todos os pelinhos dos meus braços a ficarem de pé: não podia ser uma
coincidência. Estávamos bem protegidas durante a viagem, pois Elvis
estava a olhar por nós.
E,
de facto, muita coisa correu bem nesta viagem. Até mesmo a que não
correu melhor – o tempo – parece ter-se transformado numa espécie de
bênção. Os aguaceiros arrefeceram um pouco a temperatura e também
fizeram ver a todo o mundo que não são umas trovoadas e umas chuvadas
que fazem os fãs de Elvis abandonar o seu posto!
Uma
das coisas que considero das mais importantes que aconteceu durante a
nossa visita a Memphis foi a reunião que tivemos com a Elvis Presley
Entreprises, Inc., a entidade que nos oficializou e que gere todo o património
de Elvis. Havíamos solicitado uma reunião à assistente da Directora do
Departamento de Marketing e Relações Públicas, Jen Malek, para tratar
de alguns assuntos de interesse para o Elvis 100% e, principalmente, do
interesse de Elvis e dos seus fãs. Foi uma honra quando recebemos uma
resposta positiva da própria Directora deste departamento, Patsy Andersen,
a marcar uma reunião connosco para o dia 15 de Agosto, pelas 11.00h, nos
escritórios da EPE. Ao longo dessa semana já tínhamos verificado o
quanto andavam todos ocupados e ficámos ainda mais gratos pela consideração.
Quando
chegámos aos escritórios da EPE (cujas traseiras dão para Graceland), a
recepcionista estava a receber um telefonema da própria Patsy, a dizer
que ia chegar um bocadinho atrasada para a nossa reunião. A Patsy é uma
bonita senhora, super fã de Elvis, que começou a trabalhar na EPE, nos
escritórios. Depois disso foi guia turística em Graceland e regressou
outra vez aos escritórios, quando ficou grávida. Hoje é uma das peças
mais fundamentais dentro da empresa e, pessoalmente, acho que uma das mais
simpáticas. Recebeu-nos com muito carinho, especialmente, à Olga. Foi
engraçado descobrir que a Patsy sabe falar um bocadinho de português,
pois o filho dela viveu durante uns anos no Brasil e fala a nossa língua!
E não me venham dizer que este é um mundo grande. Sempre pensei que a Patsy nos quisesse atender um pouco à pressa, pois sabia o quanto estava cansada e como a sua agenda estava ocupada. Só nesse dia teria de dar um sem número de entrevistas e tratar dos últimos preparativos – e imprevistos – para a Cerimónia da Vigília das Velas. Mas não. Parecia não estar com pressa nenhuma. E mesmo antes de discutirmos sobre os assuntos que ali nos tinham levado, ela fez questão de partilhar comigo (digo comigo, pois a Olga não sabe inglês!) todas as ideias e projectos que tem para futuros encontros com os Presidentes dos Clubes de Fãs. Achei muito querido da parte dela e agradeci o voto de confiança. Depois de termos falado sobre o nosso Clube e de lhe ter mostrado algumas das nossas revistas – que ela adorou, dizendo que eram um excelente trabalho (gostou, especialmente, dos quadros que ofereceram ao nosso Clube) – ainda houve tempo para partilharmos alguns momentos mais pessoais. Eu perguntei-lhe se tinha conhecido Elvis. Ela disse que chegou a vê-lo umas vezes e que um dia até podia ter sido apresentada, mas como ele estava nesse momento no Jardim das Meditações, ela achou que não o devia incomodar. Mesmo o tipo de atitude de quem é uma autêntica admiradora – respeitou o ídolo e o homem por detrás da imagem. Entretanto, Elvis morreria passado pouco tempo. Perguntei pela saúde de alguns elementos do grupo de Elvis, como Estelle Brown, das Sweet Inspirations, e Charlie Hodge. Ela respondeu, dizendo que estavam ambos a recuperar muito bem. A Patsy conhece todas as pessoas que conheceram Elvis, inclusive os familiares mais próximos. Ela diz que agora são como se também fossem da sua família.
Um
dos objectivos que nos levou a ter esta reunião também foi o de
presentear a EPE com uma pequena recordação da nossa parte por todo o
apoio que nos têm dado. Não divulgamos tudo aos sócios, mas mantemo-nos
em constante contacto e, podem acreditar, nunca falharam em nos responder,
sempre que precisámos. Deste modo, oferecemos uma placa num quadro, como
forma de agradecimento. Contém o logotipo do nosso Clube, bem como uma
mensagem e a nossa morada. A Patsy ficou visivelmente agradada e
satisfeita com a oferta. “Não temos cá algo tão bonito como isto!”
exclamou, “Vou já mandar alguém pendurar isto na parede!” Por isso,
quem agora passar pelos escritórios da EPE, há-de ver lá um bocadinho
do nosso Clube...! Claro que tive de pedir para gravar o momento numa
fotografia, que a Olga tirou.
Antes
de virmos embora – e devo dizer que fui eu que dei o primeiro passo para
acabar a reunião, pois a Patsy não nos apressou nunca – ainda
trouxemos uma sacada de brochuras com as actividades da semana em Memphis.
Enviámos um exemplar a todos os sócios em Setembro. Eu tinha um pedido a
fazer a Patsy. Disse-lhe que se não fosse possível, não iria ficar nada
aborrecida e que ela não tivesse problemas em recusar. Perguntei-lhe se
era possível deixar a Olga passar à frente da multidão toda que iria
estar presente aos portões para a Cerimónia da Vigília das Velas. Não
era por mim. Eu já tinha estado 5 horas na fila em 1997 e tinha sido tão
difícil... não me parecia que a Olga fosse capaz de suportar, devido à
sua deficiência. A Patsy olhou para ela, sorriu-lhe e depois disse-me,
“Claro que sim, Celia. Ainda há dois dias, quando os amigos de Elvis
estavam a regressar a casa depois da reunião dos Presidentes em
Libertyland (explicarei sobre este evento num artigo futuro), o Dick Grob
(*) estava a entrar no carro e disse-me, ‘Patsy, posso prestar os meus
respeitos para com o meu amigo amanhã?’ Ele também queria passar à
frente. Eu disse-lhe que sim e ele tinha lágrimas a escorrerem-lhe pelas
faces abaixo.” Ficámos em silêncio durante uns segundos. Eu disse,
“Sim, calculo que se para nós é importante, para eles, deve ser muito
mais.” A Patsy acenou que sim. “Sim, eles conheceram-no. São a sua
família.” A Patsy disse-nos para nos encontrarmos com ela, que havia de
nos deixar passar, pouco depois da família ter tido os seus momentos
particulares com Elvis. Antes de me despedir da Patsy, disse-lhe que
lamentava muito o facto de ela ter perdido a sua mãe há pouco tempo. Ela
ficou com os olhos mais brilhantes e agradeceu-me. Abraçámo-nos à
despedida (as pessoas do Sul são muito calorosas, há abracinhos e beijos
para toda a gente – não me espanta nada Elvis ter sido como era...) e,
fiel para com a sua palavra, às 23.00h, a Olga e eu estávamos já no
caminho de acesso, a subir com as nossas velas acesas em direcção ao
Jardim das Meditações.
Quando
chegámos aos Portões Musicais, dissemos a um dos seguranças que a Patsy
nos tinha dito para estarmos ali. Na altura não podíamos saber, mas
tanto Priscilla, como Lisa Marie e o seu marido, Nicolas Cage, estavam na
Mansão, no quarto de Elvis (que dá para o Jardim), eles mesmos a verem a
multidão a passar em silêncio pelo túmulo de Elvis. A Patsy estava na
mansão quando o segurança a contactou. E ela veio ter connosco, no meio
daquela chuva, até aos Portões. Avançou connosco para dentro dos
terrenos da mansão, mais uma vez, dando-nos palmadinhas de conforto nas
costas. Sei que, para a Olga, foi um momento inesquecível. A Olga
retribuiu o gesto e disse, em português, “Obrigada, obrigada...”. E a
Patsy respondeu, na nossa língua, “Obrigada, também.”
Houve
outra coisa que vou recordar para sempre, nas palavras de Patsy. Eu estava
apreensiva com a chuva, e ela também devia estar, pois isso podia
prejudicar a cerimónia. Mas ela disse, “Nunca consigo deixar de me
espantar com todas as pessoas que aqui vêm, de todos os locais do mundo,
prestar esta homenagem a Elvis. Todos os anos, ponho-me ali naquele monte,
debaixo da árvore, só a vê-los a passar. E emociono-me sempre...”
Este
ano deve ter-se emocionado ainda mais. Até os céus choraram os 25 anos
da morte de Elvis. Nunca hei-de esquecer... (*) Dick Grob foi um polícia responsável pela segurança de Elvis durante os anos 70 e também actuou como seu detective particular, algumas vezes. |