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Casa de Betânia Vive com Dificuldades
 

Artigo publicado pelo Jornal da Região de Oeiras, em 17/01/2002.

Clube de fãs de Elvis ajuda jovens e adultos deficientes em Queijas

Há quase 8 anos que a Casa de Betânia, em Queijas, acolhe jovens e adultos mentalmente diminuídos, que por algum motivo não se encontram no seio familiar resposta para as suas carências emocionais e físicas. Atualmente com 12 residentes, esta instituição de solidariedade social passa por grandes dificuldades, sobrevivendo com apoios de particulares. São pequenas ajudas, mas fundamentais para o futuro da Casa de Betânia, como aconteceu recentemente com o Clube de Fãs Elvis 100%, que entregou 133 Euros.

Maria Teresa, mais conhecida como Tézinha, foi a primeira residente da Casa de Betânia. Com 52 anos, sofre de paralisia cerebral, o que lhe provocou algumas dificuldades motoras. Foi precisamente a pensar nela

 e nas suas dificuldades de mobilização, que grande parte da casa, situada na Rua Hintze Ribeiro, foi remodelada.

Apesar de albergar 12 pessoas, a Casa de Betânia dá apoio a outros jovens que necessitam de acompanhamento. Os moradores da casa depressa se tornam numa verdadeira família, amada pela Irmã Maria João e pela médica Isabel Pinto, que divide o seu tempo a tratar e ensinar as pessoas a ganharem alguma autonomia. "Todos eles têm o dia ocupado. Uns foram integrados no meio de trabalho, outros estão a tirar alguns cursos profissionais. Conseguimos que, de certo modo, pudessem ter um dia a dia não muito diferente do resto da sociedade," refere Maria João.

Hélder Alves tem 40 anos e está na Casa há seis, sendo cantoneiro na Câmara de Lisboa. Tal como os outros residentes, teve de aprender a utilizar os transportes públicos. "Foi uma luta que tivemos de travar com eles. Cada vez que se dedicam a uma atividade diferente, temos que lhes ensinar o caminho, uma aprendizagem que pode demorar semanas," acrescenta a Irmã Maria João. 

O Manuel, de 47 anos, trabalha em horticultura, além de se dedicar à pintura, enquanto a Inês e a Hortense estão a fazer restauro no Museu da Eletricidade. Já a Dina é responsável pela loja de "Peças Únicas", que a Casa de Betânia tem no mercado de Queijas, a Paula tirou um curso de Cozinha, a Fernanda está a iniciar um curso de formação profissional da Crinabel e a irmã Fátima está a terminar o ensino básico. Uma prova de que estas pessoas não devem ser, de modo algum, discriminadas na sociedade. Nenhum deles se imagina no futuro a viver sem os outros: "Não me consigo separar deles e desta casa. É o nosso cantinho," refere Fátima. Uma família que os ajudou, ao longo destes anos, a serem mais responsáveis, como refere a jovem Inês. "Melhorei bastante desde que aqui estou e sou mais responsável na limpeza. Esta é a minha família. À verdadeira só vou nas férias," acrescenta.

"Adquirimos recentemente um apartamento em Carnaxide, porque havia pessoas que já precisavam de dar um passo em frente, para ganharem mais autonomia," adianta Maria João. A Dina, a Fátima e a Hortense vivem agora sozinhas e têm à sua disponibilidade a lida normal de uma casa. "Sempre quis ter uma casinha minha, é o concretizar de um sonho," refere Dina, que é a única na casa que não tem deficiência mental comprovada medicamente e que, por isso, não tem apoio da segurança social. "Há alguns meses atrás o subsídio que recebemos da segurança social só cobria cerca de 30% da despesa da casa. Os que trabalham dão uma parte do seu ordenado e mesmo assim temos bastantes dificuldades. Existem algumas empresas e particulares que nos vão ajudando nesta causa," acrescenta a Irmã Maria João.

"Elvis ensina-nos a ser solidários"

Fundado há um ano, o Clube de Elvis 100% terminou recentemente a sua primeira campanha anual de solidariedade. A instituição escolhida foi a Casa de Betânia, já que alguns dos seus membros trabalham em Queijas e, dada a realidade vivida pela Casa, mobilizaram os seus sócios no sentido de darem um donativo a estas pessoas, que precisam de ajuda para viver. Carlos Santos, Célia Carvalho, Sandra Santos e João Simões dirigem este clube que, num ano, angariou perto de uma centena de sócios e pretende divulgar a vida e a obra de Elvis Presley. "O melhor de Elvis era a generosidade dele. Inclusive, ele recebeu um prémio atribuído aos jovens que mais se destacaram na América pelo seu contributo à comunidade. E tal como ele dizia, tem os melhores fãs do mundo," refere Célia Carvalho. "Junto dos nossos associados conseguimos recolher 133 Euros (26 mil e 500 escudos) e, por intermédio dos patrocinadores, a Lexmark International, oferecemos uma impressora e um CD de arte no valor de 139,15 Euros (31 mil e 900 escudos).

Este ano vão começar uma nova campanha de solidariedade, mas a instituição a beneficiar ainda não está escolhida. Na forja está também o desejo de se tornarem uma associação, de modo a poderem realizar outras atividades. "Seríamos encarados com outra responsabilidade e poderíamos fazer protocolos com outras entidades. Vai ser o próximo passo a dar," refere Carlos Santos. O facto de serem uma associação significaria também terem uma sede, onde "teríamos espaço para uma videoteca, para organizarmos exposições e outras atividades," acrescenta. Até lá, os membros deste clube de fãs "querem perpetuar o bom nome de Elvis através da solidariedade" e contam com a ajuda de todos os seus associados. O Clube oficial, reconhecido pela Elvis Presley Enterprises, Inc., está aberto a novos sócios através do Apartado 930 em Queijas, ou da página na Internet, www.elvis100.250x.com (*).

(*) - Este era o anterior site do clube. O atual é o que presentemente está a visitar.

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