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A NOSSA PRIMEIRA CONVERSA, PARTE 1


 

Enquanto estava para ali sentada um bocadinho em estado de choque, lembro-me de muito pouco daquilo que Elvis falava com as jovens sentadas no chão, à frente dele. Estava preocupada em encontrar uma forma... graciosa de “me escapar”.

 

Reparei, no entanto, no interesse dele em saber quem eram, como eram as suas vidas, e depois regressei rapidamente à contemplação da minha situação desconfortável.

 

Se por acaso chegava a encontrar o olhar de algumas das raparigas, elas erguiam as sobrancelhas, o que lhes fazia aumentar os olhos e deparava-me com os seus sorrisos, o tipo de sorriso que indicava que estavam a tentar conter uma grande gargalhada. Uma das raparigas chegou a pôr a mão à frente da boca, enquanto sustinha risinhos, e eu olhei para o lado de repente, para não causar um ataque de riso


Enquanto olhava para a área do bar, estavam lá um homem ou dois a servir bebidas a algumas pessoas. E depois, à minha frente pela porta principal, dois homens escoltaram para dentro duas beldades, que agregaram ao grupo sentado à frente de Elvis.


“Hum... é óbvio que os rapazes estão a trazer raparigas bonitas para ele, raparigas pelas quais ele se possa interessar. Pelo menos, é uma festa bastante sossegada,” pensei. E não do estereotipo de festa que se espera encontrar, vinda de um rock’n’roller. O braço de Elvis sobre o meu ombro esquerdo ficou mais pesado e ele apertou-me mais, enquanto os homens traziam estas raparigas para o interior.


“Oh, meu Deus! Como me meti nesta confusão!” gritei, por dentro. “Tenho de encontrar uma forma de sair daqui, mas ao mesmo tempo evitando envergonhá-lo,” pensei. (Já era demasiado tarde para evitar envergonhar-me a mim mesma, pois todas as raparigas sabiam que conversa tínhamos tido antes de ele chegar). (Ver artigo anterior QUANDO NOS CONHECEMOS, Parte 4c). A única pessoa que parecia não se aperceber do que se passava, era Elvis.


“Disseram-me que Elvis estava a fazer uma reunião! E que fui convidada porque “Ele só quer conhecer-te como amiga?!” Estava outra vez a recordar-me do convite que me tinha sido feito.

“Oh, meu Deus! Pensei que estavam todos convidados! E que diabo o fez pensar que eu seria o seu par? E ele é o motivo pelo qual o John não apareceu ou me telefonou? A lata dele, falar com o John sobre os nossos jantares, sobre a natureza da nossa amizade! E ele é casado! Por amor de Deus!”


“Queres uma bebida fresca? Petiscos? Pepsi? Café ou chá? Qualquer coisa que queiras, diz-me, que vou-te buscar!” disse ele. Não consegui olhar para ele o tempo suficiente para dizer, “Não, obrigada. Estou bem.” Mas por dentro eu NÃO estava bem.


“Bem? Eu estou bem? Será que acabei mesmo de dizer aquilo?” A perna esquerda dele tinha estado cruzada sobre o seu joelho direito e a abanar nervosamente, tinha eu reparado, mas o que me deu espaço de manobra foi quando ele cruzou a perna direita sobre a esquerda e o tornozelo e bota dele... bem, embateram em mim.


“Desculpa,” riu-se ele, “nunca fui capaz de controlar isto,” disse ele e afastou-se, felizmente, um bocadinho de mim.


“Não faz mal, não me magoou,” repliquei ao mesmo tempo que calculava a distância entre as senhoras que me podia dar um espaço de escapatória.


Uma das raparigas olhou para a sua direita, enquanto se apertava um bocadinho para abrir um espacinho para mim, mas era óbvio que eu tinha de falar.

E assim... “Bem, gostei muito de estar aqui, mas preciso de ir embora,” murmurei para ele.
 

A reação imediata dele foi espantosa. Agarrou-me pela mão, puxando-me consigo enquanto se punha de pé rapidamente e se movimentou por entre as raparigas, fazendo com que o Mar Vermelho se abrisse depressa.


“Vem comigo, quero mostrar-te uma coisa antes de te ires embora!” O sorriso dele era enorme e tinha as sobrancelhas erguidas. Mas eu estava a pensar, bem... “pelo menos vou ficar mais perto da porta principal.” MAS NÃO. (Continua)
               

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