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Memphis Revisitada - 25 Anos Depois Para
quem já teve a sorte de ter estado em Tupelo, Mississippi e Memphis,
Tennessee em 1997, pelo 20º. Aniversário da morte de Elvis (cujas
recordações são muito preciosas e inesquecíveis), pensava que não
teria quase mais nada para dizer nesta minha segunda visita às terras do
nosso ídolo. Para quem pensava com toda a certeza que esta seria a minha
última visita, essa certeza foi muito abalada. Há muito que dizer sobre
esta viagem e, mesmo que eu não possa regressar, esta história vai
continuar para sempre. Tive
por companheira de viagem a Olga Susana, sócia deste Clube (o
Victor Rodrigues acabou por não poder ir, por motivos burocráticos), uma
pessoa especial que tem dificuldades de locomoção, uma vez que usa próteses
em ambas as pernas. Deixarei que seja ela a contar a sua versão, mas só
posso dizer que fico feliz por tê-la visto a realizar um sonho que
julgava impossível. Ela está de parabéns e deverá servir de exemplo
para todos vós que, como ela, também podem pensar que é impossível.
Afinal, somos fãs de Elvis e se ele conseguiu fazer tudo o que fez, nós
também devemos fazer um esforço para alcançar o que neste momento só
podemos fazer: visitar e caminhar pelas terras onde ele nasceu, caminhou e
morreu. Vale a pena. É algo que fica connosco para toda a vida... Mas,
cautela! Todo o fã de Elvis deseja depois regressar. Chegámos
no dia 7 de Agosto a Tupelo, onde depois nos unimos ao grupo que viajou
com o Clube de fãs inglês que, este ano, levou mais de 1.000 pessoas aos
Estados Unidos. Assim, pudemos beneficiar de todas as excursões guiadas
e transporte que a agência de viagens do clube inglês organiza. Como
sempre, fez um excelente trabalho. Neste dia não havia nada programado e
achei que devia levar a Olga a conhecer a casinha onde Elvis nasceu. Os
dias seguintes iriam ser muito ocupados e com muitas multidões para
apreciar o local de nascimento com calma. Mais uma vez me espantei por ver
onde Elvis nasceu e em que circunstâncias. Uma noite muito fria de
Janeiro, um bebé gémeo nado-morto, lágrimas misturadas com a alegria
por ter nascido outro bebé que, apesar de mais pequeno (nem 2kg tinha)
devia ser mais forte, pois sobreviveu... Ali
ao lado havia uma bonita surpresa. Pelo 67º. Aniversário de Elvis foi
feita a inauguração de uma estátua de Elvis com 13 anos, que está
mesmo perto da casinha. Este foi um projecto realizado graças a um fã
irlandês, Maurice Colgan, que deu a ideia aos dignatários de Tupelo e à
Fundação Elvis Presley. A estátua é em tamanho natural e Elvis tem 13
anos, pois foi a idade com que saiu de Tupelo para Memphis. Não está num
pedestal, mas a caminhar no passeio perto da casinha onde nasceu, como se
fosse a passear, de guitarra na mão. Nunca pensei que Elvis fosse tão
alto com 13 anos...!
No
dia 8 fizemos uma visita guiada à cidade e a todos os lugares
relacionados com Elvis. Desta vez a surpresa foi na escola primária
Lawhon, onde Elvis andou durante os primeiros anos. Estavam lá dois
colegas de Elvis, Becky Martin e James Ausborn, que partilharam recordações
connosco no mesmo auditório onde Elvis cantou Old Shep para os seus
colegas. Foi comovente ouvir as recordações deles. Todos os fãs
contribuíram para ajudar a escola a comprar o seu primeiro computador. A
Lawhon continua a ser a escola que serve as crianças mais pobres da
comunidade. Às 11.00h foi a cerimónia de boas-vindas aos fãs no local
de nascimento, onde estavam vários dignatários, incluindo o mayor da
cidade, Larry Otis. Como sempre, Elvis teve direito a honras militares ao
som do hino americano. Foi feita uma segunda inauguração da estátua
pelo escultor que a concebeu. Tudo muito comovente. Uma senhora deu o
lugar à Olga para ela se sentar. E tratava-se de uma colega de escola de
Elvis, de Memphis, da turma dele (chegou a sentar-se na mesma carteira),
chamada Shirley Scott. Disse-nos que viu Elvis várias vezes ao longo dos
anos e que ele tinha um carinho muito especial pelos fãs estrangeiros. É
um mundo pequeno no que toca aos fãs de Elvis. Até primos dele havia na
multidão (tanto os Smiths como os Presleys tinham famílias extensas). O
último momento mais marcante em Tupelo foi o banquete que a cidade
ofereceu aos mais de 1.000 fãs ali presentes, seguido de uma discoteca.
Sem dúvida que eles apreciam a nossa lealdade e têm muito orgulho de
Elvis. Muitos fãs amigos reecontram-se neste evento e até nós tivemos
oportunidade de conhecer alguns sócios estrangeiros sócios do nosso
clube – somos uma grande família. Custa
sempre deixar Tupelo, aquela gente tão calorosa e simpática. Mas Memphis
também está cheia da hospitalidade sulista e de um carinho e calor (não
só climatérico, mas também humano) que nos encanta. Para mim, foi como
se lá tivesse estado ontem e não há 5 anos. Senti todas as recordações
a voltar e, como seria de esperar, uma emoção que me toca. Ver Graceland
outra vez (que tem tantos
artefactos novos desde que lá tinha estado), todos os jardins e, em
especial, o local de repouso de Elvis. Levei um quadro comigo para colocar
no Jardim das Meditações. A mensagem que escolhi colocar no quadro
expressa bem os meus sentimentos. Trata-se de um poema por um autor
americano anónimo e vou incluir uma tradução já de seguida: Não
fiques junto do meu túmulo a carpir;
Conheci
e reencontrei muitos fãs de Elvis neste jardim. Mais uma vez, a sensação
de comunhão e amor partilhado. Os arranjos florais sem fim, as filas
intermináveis de admiradores, os talentos que descobrimos a cantar em
Graceland Crossing... Foram 35.000 os fãs que prestaram a sua singela
homenagem a Elvis na noite da vigília das velas no dia 15 (mais de
100.000 entraram na cidade durante esta semana). Há algo que tenho de vos contar. Esteve a chover durante todo o dia e, numa reunião que tivemos com a responsável pelo departamento de Marketing & Comunicações da EPE (assuntos do Clube), Patsy Anderson, ela informou-nos que nunca choveu nesta noite. Estávamos apreensivos que isso estragasse a cerimónia. Mas não. Estávamos todos lá, não arredámos pé, nem a chuva nos demoveu. Por especial atenção da Patsy para com a Olga, que é deficiente, pudemos passar à frente dos milhares de pessoas presentes, pouco depois de alguns amigos e familiares de Elvis também terem prestado os seus respeitos. Ficámos encharcados, mas mostrámos a todo o mundo que observava (estavam lá todas as cadeias televisivas do mundo) o amor que sentimos por Elvis. À janela do quarto de Elvis, em Graceland, Lisa Marie observou parte da vigília que durou toda a noite (início às 21.00h do dia 15 e término às 08.00h do dia 16), com o seu marido, Nicholas Cage (casaram no dia 11, no Hawaii). É costume ela fazer isto. Deixem-me dizer-vos: Graceland é linda, faça chuva ou faça sol. E lindos são os fãs que não desistem, que fazem questão de lembrar a todos que, 25 anos depois, Elvis continua vivo nos nossos corações. É também interessante notar que 80% dos fãs de Elvis têm menos de 45 anos de idade (segundo estatísticas da EPE), o que significa que este amor não vai acabar. Elvis teria ficado (e acredito que ele consegue ver) muito espantado. Afinal, foi ele que disse tantas vezes, “Sou apenas um cantor”. Mas não era um cantor qualquer. E foi e continua a ser muito mais do que um cantor. Não há outra explicação para este caso de amor que ainda mantemos com ele, um quarto de século depois de nos ter deixado fisicamente.
O
dia 16 de Agosto é sempre muito especial em Memphis. Nota-se um ar
diferente, já não se vê a mesma alegria ou festividades. Cantam-se
gospels, fala-se dele, coloca-se mais uma flor no seu túmulo. Este ano
tive o privilégio de estar presente em mais um concerto ao vivo de Elvis,
que teve lugar na Pirâmide de Memphis. Fui afortunada por ter assistido
ao primeiro concerto de todos, em 1997, no Mid-South Coliseum, onde Lisa
Marie surpreendeu todos com o seu dueto com o pai, Don’t Cry Daddy.
Todos sabiam que ela iria estar presente também neste concerto,
juntamente com Priscilla. O concerto foi muito diferente daquele que vi há
5 anos e também muito melhor. A primeira parte foi uma retrospectiva da
carreira de Elvis, desde os anos 50 aos 70. Fizeram um excelente trabalho,
com mistura de imagens e sons. O público foi muitas vezes ao rubro,
reagindo para com Elvis como se ele estivesse mesmo lá. Tal como todos os
12.000 presentes nessa noite devem ter experimentado, de umas vezes cantei
e de outras chorei. Um sentimento constante nunca me abandonou: o orgulho
que senti e sinto de Elvis.
O
orgulho e o amor que Lisa Marie lhe tem é, com toda a certeza, maior.
Mais uma vez quis presentear os fãs daquela noite com uma mensagem
especial. A Lisa não é de muitas palavras. Os agradecimentos, discursos,
etc, ficaram por conta da sua mãe, Priscilla. No início da segunda parte
do concerto, Lisa veio ao palco e, perante uma calorosa recepção do público,
disse: “Fiz uma canção para o meu pai. Não vou cantar, mas quero que
oiçam a gravação. Espero que gostem.” Já disse isto e repito: a Lisa
tem uma excelente voz. E os seus talentos não acabam aí – ela também
compõe e escreve letras de canções. Esta ficará para sempre gravada na
memória de quem esteve lá para ver. No grande ecrã onde as imagens de
Elvis foram passadas, Lisa fez passar a letra – só a letra – da canção
que intitulou You Made Me I Love You (Fizeste-me, Amo-te). O impacto foi
muito forte. Ela cantou muito bem e tocou o coração de todos. Aviso que
esta não é uma transcrição/tradução fiel da canção, pois são
apenas alguns versos de que me consigo lembrar. Sempre que Lisa canta I
LOVE YOU, as letras surgem em tamanho maior. O refrão é repetido muitas
vezes.
Oiço
gotas de chuva sobre o telhado, A
única imagem final que surge no ecrã é dos fãs na vigília das velas,
com as palavras a ver-se por cima: “Reparam agora”. Não consigo
descrever as emoções e o aplauso que se seguiu quando Lisa veio
agradecer por breves instantes. O concerto continuou, com algumas das
melhores actuações de Elvis, incluindo algumas imagens inéditas. Foi a
última e a melhor das recordações que trouxe comigo quando regressei.
Conforta-me saber que Elvis é tão amado. Mas enquanto ia para o
aeroporto para regressar a Portugal, não consegui evitar algumas lágrimas.
E as palavras que alguém me disse à despedida não paravam de soar nos
meus ouvidos: “Tens de cá voltar, pois cada fã de Elvis vem cá numa
missão.” E
a nossa missão é: manter o nome vivo e mostrar ao mundo que Elvis é o
melhor artista que alguma vez pisou esta terra. Nunca vai haver outro
igual. Nota:
Por questão de espaço e tempo, não escrevi sobre tudo o que vi e
experimentei (incluindo sobre pessoas que foram amigas/colegas de Elvis
que conheci e eventos em que participei). Irei escrever outros artigos
sobre acontecimentos de maior relevância que serão, oportunamente, colocados na página de internet do
Clube, com as respectivas fotografias. Fiquem atentos. |